Presidente da RTP: “Informação deve ir mais longe na confiança, no pluralismo e na isenção”

As mudanças da direcção de informação da RTP, liderada por Paulo Dentinho, levantaram problemas na redacção e levaram Gonçalo Reis ao Parlamento, mas o presidente não quer voltar ao assunto. Coloca pressão na direcção, de quem quer resultados. Programa Prós e Contras corre o risco de acabar.

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Paulo Pimenta

Na segunda parte de uma entrevista ao PÚBLICO, o presidente da RTP, Gonçalo Reis, aborda as polémicas mudanças na direcção de informação da estação e assume que quer ver resultados.

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Na segunda parte de uma entrevista ao PÚBLICO, o presidente da RTP, Gonçalo Reis, aborda as polémicas mudanças na direcção de informação da estação e assume que quer ver resultados.

Se a informação é a melhor, porquê mudar a equipa da direcção?
Tudo tem a sua lógica. Definimos uma ambição acrescida para a informação da RTP, queremos que vá mais longe na confiança, no pluralismo, na isenção.

E que chegue onde?
Temos de ter mais reportagem, investigação, proximidade e presença capilar no país real, novos espaços de comentário e de debate e trazer novos protagonistas à antena. Há todo um caminho ainda para fazer e melhorar. Eu sou dos que acham que é preciso ajustar, afinar e mudar internamente alguma coisa para que bastantes coisas, para fora, realmente aconteçam. Não há drama nenhum. E tudo isso implica equacionar, ponderar, avaliar alternativas, gerir egos, construir novos equilíbrios.

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MIGUEL MANSO

Há metas quantitativas para esses objectivos? Por exemplo, a audiência média do Telejornal de Agosto foi a mais baixa desde 2013.
Não colocamos metas de audiências à informação. Colocamos, isso sim, objectivos de qualidade, diversidade, relevância. Não me peça para detalhar programas, outputs, e protagonistas dessa estratégia porque isso cabe à direcção de informação, que vai apresentar novidades hoje e nas próximas semanas e meses.

Há prazo para essa avaliação?
É uma avaliação em contínuo. Tem de haver melhorias e avanços e novidades ao longo do tempo. Queremos ver uma direcção de informação mais bem organizada, gerida de forma mais pró-activa, assegurar a presença da RTP com mais vitalidade e lançar novos formatos que completem a nossa oferta. Não digo que têm que mudar programas em seis meses, mas há programas, modelos e formatos que devem ser acrescentados.

É verdade que o Prós e Contras vai acabar em Dezembro?
Não devo responder a essas questões. As soluções, os protagonistas concretos e os calendários desta estratégia cabem aos directores de conteúdo.

Ainda sobre a crise da mudança na direcção de informação. Houve ou não um convite a Carlos Daniel?
Podemos falar sobre o que existe e não sobre o que poderia ter acontecido. As minhas reflexões eu guardo-as para mim.

Foi chamado ao Parlamento para esclarecer uma polémica que criava instabilidade na RTP numa área tão sensível. Foi tudo um engano?
O quadro que temos hoje é absolutamente definido. Houve um momento de reflexão e agora é de execução.

E durante essa reflexão voltou atrás?
É normal que num momento de reflexão se abra um leque e que num momento de acção se feche o leque concentrando na execução. Não vou comentar agora a reflexão. Este é o momento de acção: [a direcção de informação] tem equipas formadas, aprovadas, com uma carta de mandato e a trabalhar no dia-a-dia.

Se a credibilidade e a isenção da informação são fundamentais, como vê o caso de um director-adjunto ser alvo de uma investigação da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista por alegada parcialidade?
Os nomes que completam a direcção de informação são propostos pelo director. Enquanto gestão, fizemos a análise interna sobre a actuação do João Fernando Ramos. O parecer dos serviços jurídicos – porque o que estava em causa era o pluralismo da RTP e a questão dos patrocínios – concluiu que não foram identificados impedimentos, nem do ponto de vista da independência nem da integridade. Suponho que a comissão também já terá analisado as questões deontológicas e se tivesse havido alguma coisa já nos teria avisado.