Rui Rio, uns “lugarzinhos” e pouco mais

A persistência no culto de uma imagem de político antipolítica convencional só surpreende os que o não conhecem.

Rui Rio regressou à política activa para nos deixar três ideias para o futuro próximo: a de que o PSD será, à sua imagem e semelhança, um partido frugal; a de que o PSD será, à sua imagem e semelhança, um partido sem pressa; e a promessa de que, à imagem e semelhança da sua biografia, os “lugarzinhos” no partido só se alcançam com trabalho e lealdade. Com tanta ênfase na dimensão moral da política de um líder “diferente daqueles a que o partido está habituado”, sobrou pouco, muito pouco, para se perceber o que quer Rio para o país. Lá deixou escapar a tese de que ele é “um social-democrata e não um liberal ou um socialista”, o que o leva a admitir que os privados podem ter um papel, ainda que subalterno, no ?Serviço Nacional de Saúde, a críticas repetidas à gestão do combate aos incêndios ou receios sobre os novos dados do crescimento e ponto final.

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Rui Rio regressou à política activa para nos deixar três ideias para o futuro próximo: a de que o PSD será, à sua imagem e semelhança, um partido frugal; a de que o PSD será, à sua imagem e semelhança, um partido sem pressa; e a promessa de que, à imagem e semelhança da sua biografia, os “lugarzinhos” no partido só se alcançam com trabalho e lealdade. Com tanta ênfase na dimensão moral da política de um líder “diferente daqueles a que o partido está habituado”, sobrou pouco, muito pouco, para se perceber o que quer Rio para o país. Lá deixou escapar a tese de que ele é “um social-democrata e não um liberal ou um socialista”, o que o leva a admitir que os privados podem ter um papel, ainda que subalterno, no ?Serviço Nacional de Saúde, a críticas repetidas à gestão do combate aos incêndios ou receios sobre os novos dados do crescimento e ponto final.

A persistência no culto de uma imagem de político antipolítica convencional só surpreende os que não o conhecem. Sem génio para rasgos nem índole para a flexibilidade do discurso, o presidente do PSD tem o mérito de se mostrar nu e cru aos olhos do partido e do país. O estilo vale mais do que o programa. Ele falará quando achar que deve falar, ele reagirá quando achar que deve reagir, ele continuará a “fingir” que não percebe a teia de armadilhas que os adversários internos lhe montam até ao dia em que decidir “lugarzinhos”. Não o subestimem. A sua resistência à adversidade (não esperem pela sua demissão, avisou) e a arte de saber esperar tornam-no um osso duro de roer.

Para legitimar o combate político de baixa intensidade que cultivou, Rio recorda que a situação do Governo se vai agravar nos próximos meses. Ao PSD, sugere, basta que não se esfacele em quezílias internas e que aguarde pelo seu momento. Não é uma receita de manual. É um programa básico, quase indigente, que exclui ideias claras sobre reformas ou propostas sobre questões complexas como a União Europeia. Rui Rio regressa para conservar a visão do homem comum suspeitoso da política e dos políticos, arauto de ideias simples e, ao seu jeito de brigão à moda do Porto, disposto a combater os que lhe fazem a vida negra no PSD. É muito pouco para que saibamos o que quer o PSD. Pode ser bastante para mobilizar eleitores fartos das promessas da política clássica.