Theresa May cedeu aos radicais do "Brexit" e alterou propostas de lei

Sob pressão e com a liderança dos conservadores em risco, primeira-ministra britânica começou a mexer na proposta que vai apresentar à UE.

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Theresa May Matt Cardy/REUTERS

A primeira-ministra britânica Theresa May cedeu à pressão dos mais ferrenhos partidários do “Brexit” do Partido Conservador, o seu próprio partido, e aceitou alterações a uma lei que serviria para permitir que o Reino Unido cobrasse taxas sobre produtos e serviços em nome da União Europeia após o “Brexit”.

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A primeira-ministra britânica Theresa May cedeu à pressão dos mais ferrenhos partidários do “Brexit” do Partido Conservador, o seu próprio partido, e aceitou alterações a uma lei que serviria para permitir que o Reino Unido cobrasse taxas sobre produtos e serviços em nome da União Europeia após o “Brexit”.

Com a alteração imposta, o Reino Unido só cobrará taxas para a UE se a União fizer o mesmo em nome dos britânicos.

O objectivo era evitar a humilhação de ver esta legislação chumbada pelo seu próprio partido numa votação marcada ainda para esta segunda-feira à noite – e a sua liderança ainda mais enfraquecida.

Na semana passada, dois ministros com grandes responsabilidades no “Brexit”, David Davis e Boris Johnson, demitiram-se do Governo, e várias outras figuras menores da governação seguiram pelo mesmo caminho, recusando-se a aceitar o Livro Branco para o “Brexit” recentemente apresentado por Theresa May e sobre o qual a UE se pronunciará no fim desta semana.

Mas a capitulação de Theresa May face ao chamado European Research Group – um grupo de deputados furiosamente a favor da saída do Reino Unido da União Europeia liderado por Jacob Rees-Mogg – teve os efeitos contrários ao que May queria. A libra caiu, a ex-ministra Justine Greening apelou à realização de um novo referendo sobre o “Brexit” para acabar com o impasse no Parlamento.

Quais as consequências desta imposição dos defensores do “Brexit” mais duro? Ainda não é claro, mas ao frisar que a colecta de taxas teria de ser recíproca, tornaram certamente este aspecto do Livro Branco de May mais difícil de negociar com a UE.

Outras emendas que o Governo britânico deverá ainda aceitar têm a ver com a necessidade de legislar para criar uma política de IVA separada da da UE, evitar a criação de uma fronteira no Mar na Irlanda.

Um porta-voz de May negou que estivessem a ser postos mais obstáculos no seu caminho. “Aceitámos as alterações por acreditarmos que são consequentes com a nossa abordagem, e em alguns casos reforçam algumas das mensagens do Livro Branco”, cita a Reuters.