Memórias enferrujadas num cemitério de comboios

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Está no deserto, numa cidade fantasma, enferrujada, perdida no tempo. Em Uyuni, na Bolívia, jazem caminhos-de-ferro semi-cobertos de areia, locomotivas metalizadas que parecem saídas de um filme por onde o fim do mundo passou. Desde a década de 40, altura em que a linha férrea caiu em desuso, os vestígios foram ficando por ali, no "cemitério de Uyuni", lugar que se tornou atracção turística de sucesso. Para a cidade boliviana estiveram pensados, ainda no século XIX, projectos de uma enorme rede de transportes da América Latina. Uyuni foi de facto um importante pólo, mas nunca chegou a ser o que se pretendia por problemas técnicos e tensões políticas entre os vários países. Os comboios que ali permanecem são quase todos da companhia ferroviária da Bolívia, entre 1870 e 1900. Pedaços de memória perdidos que os turistas cobiçam (há viagens organizadas todo o ano) e vão, assim, mantendo vivo. Ruínas de uma beleza soturna.