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A raiva saiu à rua no Maio de 1968

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O fogo alastrou de repente. Da universidade de Nanterre, onde tudo começou a 2 de Maio de 1968, à Sorbonne, dos estudantes aos trabalhadores e aos sindicatos. Nesse mês, a raiva andou pela rua e ninguém a susteve. Acreditava-se nos desejos porque, como se dizia no mantra situacionista, acreditava-se na realidade desses mesmos desejos. Os estudantes saíram à rua, ocuparam universidades e enfrentaram a polícia. Os trabalhadores paralisaram as fábricas. E ambos estão presentes nestes cartazes. Os últimos têm um lugar particular.

 

As CRS, as forças policiais, foram retratadas nestes posters, como não poderia deixar de ser, num misto de estupidez e de violência. Quando se imaginava a imaginação no poder, não havia espaço para uma violência policial que estava nos seus antípodas e que representava o que de pior existia no Estado: a brutalidade de quem se recusa a ver um palmo à sua frente. Cargas, bastonadas, granadas de gás lacrimogéneo eram a única reacção conhecida de uma autoridade atónita a um protesto que apanhou a França e o mundo de surpresa. Daí a referência às SS (terceira imagem desta galeria).

 

Foi há 50 anos. 1968 foi o ano de uma revolta sem par. Uma revolta que se expressou em jornais e panfletos como o L’Enragé, L’Action,, Le Pavé, com desenhos satíricos de Siné, Wolinsky, Reiser e Cabu, ou nos détournement da Internacional Situacionista, que convidavam uma geração aborrecida a libertar-se do trabalho. Maio de 1968 foi isso: o elogio da preguiça, do amor, do jogo e, sobretudo, da conquista do tempo. Raoul Vaneigem chamou-lhe A Arte de Viver para a Geração Nova. Ainda o é, ou não?