Proprietária de terreno nas Portas de Ródão acusa Governo de não ter intenção de negociar

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Sebastiao Almeida

A proprietária do terreno nas Portas de Ródão que o Governo tomou posse administrativa, no âmbito do processo de limpeza de lamas no rio Tejo, acusou nesta quarta-feira o Ministério do Ambiente de nunca ter tido a intenção de negociar.

"Fomos confrontados desde meados de Fevereiro com a decisão que era sim ou sim. Isto terminou tudo numa declaração de utilidade pública e numa posse administrativa [...]. Nós não queremos dinheiro nenhum, queremos é que mantenham aqui as azinheiras", afirmou Raquel Lopes.

A proprietária do terreno, situado em pleno monumento natural das Portas de Ródão, recebeu a visita do presidente da comissão parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, Pedro Soares.

Raquel Lopes considerou toda a situação um absurdo e disse que só uma semana depois da posse administrativa é que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) deu um parecer positivo ao Governo.

"O ministro do Ambiente continua a dizer que isto não tem valores naturais. O certo é que há aqui azinheiras centenárias, há zimbros que foram um dos motivos que levaram à criação da área protegida. Aqui é o que sobra dos incêndios de Julho, são os tais 30% que ainda estão verdes", disse.

Explicou ainda que recebeu, recentemente, a visita de dois técnicos do ICNF a contar as árvores que estão dentro do perímetro marcado para a instalação do estaleiro, facto que a leva a ponderar a possibilidade devirem a ser abatidas árvores.

"Isto tudo me preocupa. Havendo soluções aqui perto, estamos muito perto das zonas industriais de Vila Velha de Ródão, porque é que não escolheram um terreno "careca", como diz o senhor ministro [do Ambiente]. Acho que ele nunca veio ao terreno. Não há sensibilidade ambiental, só se pensa nos lucros e na solução mais barata. Mas será que é mais barata?", questiona.

A proprietária disse ainda que pela contagem que efectuou, existem naquele espaço uma centena de azinheiras, 54 oliveiras e uma quantidade enorme de salgueiros e freixos, além de outro tipo de vegetação.

"Não temos culpa nenhuma dos atos irresponsáveis, quer de indústrias, quer da negligência das entidades que deviam defender-nos. Então quem nos defende? Isto é protegido de quê, se fazem cá tudo?", questiona-se.

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