Saldo bom, ou saldo mau? Eis a questão

Rui Moreira defendeu excedentes das contas de 2017 como forma de ganhar liberdade para fazer obras há muito esperadas. Oposição insistiu na tese de que o município não é um banco.

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O município tem um saldo global acumulado de quase 90 milhões de euros. Nelson Garrido

Há quase 90 milhões de euros no saldo global das contas da Câmara do Porto, e se Rui Moreira vê isso como a garantia de que avançarão as obras há muito prometidas – mesmo as que o próprio não conseguiu iniciar em quatro anos – a oposição olha para os números e questiona esta acumulação quando não falta, na cidade, onde fazer investimento. O relatório e contas de 2017 foi aprovado, mas foi o último em que o PS se sentiu na obrigação de acompanhar o voto favorável dos eleitos pelo movimento de Rui Moreira.

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Há quase 90 milhões de euros no saldo global das contas da Câmara do Porto, e se Rui Moreira vê isso como a garantia de que avançarão as obras há muito prometidas – mesmo as que o próprio não conseguiu iniciar em quatro anos – a oposição olha para os números e questiona esta acumulação quando não falta, na cidade, onde fazer investimento. O relatório e contas de 2017 foi aprovado, mas foi o último em que o PS se sentiu na obrigação de acompanhar o voto favorável dos eleitos pelo movimento de Rui Moreira.

Moreira e o líder de bancada do seu grupo na assembleia municipal, André Noronha, bem insistiram na tese de que as “boas contas” do município lhe garantem liberdade para fazer escolhas, para investir mesmo sem acesso a fundos comunitários ou para anunciar, e pagar, uma ponte sobre o Douro. Do lado oposto, o independente ouviu muitas críticas à baixa taxa de execução do investimento em 2017, e sorriu quando o socialista Rui Lage disse que esse indicador só não era pior graças ao contributo do PS, que tutelava a Domus Social, responsável pelas obras nos bairros camarários.

Acusando o socialista de demagogia, Moreira inverteu o texto. “Eu poderia dizer que o investimento da Domus foi bom apesar dos seis meses em que a empresa foi tutelada pelo PS, mas não o farei porque mantenho todo o respeito pelo trabalho desenvolvido pelo vereador Manuel Pizarro”, atirou, numa das respostas às sucessivas intervenções de deputados da oposição.

Acusando os opositores de desespero, André Noronha esmiuçou as contas e vincou que, nas decisões que dependiam apenas do município, a taxa de execução era superior a 90%. E em resposta a Francisco Carrapatoso, do PSD, que afirmara, crítico, que a câmara estava a acumular dinheiro  que dava para quatro reabilitações do bolhão, 15 novas pontes ou dez obras como as do Pavilhão Rosa Mota, lembrou que, ao contrário do executivo liderado por Rui Rio, o de Moreira vai mesmo fazer essas intervenções.    

Segundo o deputado social-democrata, as contas de 2017 são "talvez as mais desequilibradas do milénio", opinião partilhada pelo PCP, cujo porta-voz, Artur Ribeiro, não resistiu a comparar o independente a um Tio Patinhas numa cidade cheia de problemas por resolver. “A câmara não é um banco”, insistiu o comunista. Também o Bloco se insurgiu contra a falta de investimento e insistiu na necessidade de, de uma vez por todas, incluir nas contas um inventário completo do património municipal.

A crítica, que os bloquistas fazem há anos, foi a única que Moreira aceitou de bom grado. Não sem notar, contudo, que o trabalho, imenso, de identificação dos bens imóveis municipais está a ser feito em bom ritmo.