Trump convidou Putin para uma visita à Casa Branca

Serguei Lavrov revelou convite do Presidente norte-americano ao homólogo russo e garantiu que os dois líderes não permitirão que o clima de tensão resulte num conflito armado entre EUA e Rússia.

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Donald Trump KEVIN LAMARQUE / Reuters

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa revelou que Donald Trump desafiou Vladimir Putin a visitar a Casa Branca e que se mostrou disponível para uma “visita recíproca” a Moscovo. Numa longa entrevista à agência noticiosa RIA Novosti, em que abordou os vários focos de tensão dos últimos meses entre russos e ocidentais, Serguei Lavrov diz que o convite do Presidente dos Estados Unidos ao foi feito por telefone e que lhe pareceu autêntico.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa revelou que Donald Trump desafiou Vladimir Putin a visitar a Casa Branca e que se mostrou disponível para uma “visita recíproca” a Moscovo. Numa longa entrevista à agência noticiosa RIA Novosti, em que abordou os vários focos de tensão dos últimos meses entre russos e ocidentais, Serguei Lavrov diz que o convite do Presidente dos Estados Unidos ao foi feito por telefone e que lhe pareceu autêntico.

“Ele [Trump] voltou a esta questão um par de vezes. Informámos os nossos colegas americanos que não queremos impor nada, mas também não queremos ser indelicados. Por isso, tendo em conta a proposta do Presidente Trump, procederemos a partir da posição de que ele quer mesmo concretizá-la”, explicou Lavrov, citado pela Reuters.

O chefe da diplomacia russa vê no convite um gesto do Presidente norte-americano direccionada para a redução das tensões entre a Rússia e os Estados Unidos, numa altura em que as relações entre os dois países atravessam um dos seus mais negros períodos – o “pior de sempre, incluindo a Guerra Fria”, segundo as palavras de Trump –, fruto da anexação da Crimeia, da interferência de Moscovo nas eleições norte-americanas de 2016, das suspeitas de envenenamento de um ex-espião russo em Inglaterra e do apoio de Putin ao regime de Bashar al-Assad, na Síria.

Lavrov assumiu o período conturbado das relações com Washington, mas garantiu que Putin e Trump nunca deixarão que o mesmo possa originar um conflito armado entre EUA e Rússia. “Sobre os riscos de um conflito militar, estou absolutamente confiante de que os exércitos [russo e norte-americano] e, claro, o Presidente Putin e o Presidente Trump não o permitirão. Afinal de contas, são líderes eleitos pelas suas populações e responsáveis pela sua paz”, afiançou o ministro russo, segundo a RT. 

Tal crença não significa no entanto, alerta Lavrov, que a Rússia não possa responder às “acções anti-Moscovo de Washington”. O ministro diz que os EUA foram “notificados sobre as linhas vermelhas” russas e sabem que se as cruzarem haverá retaliação. Particularmente na Síria.

Serguei Lavrov defendeu que os bombardeamentos dos norte-americanos, franceses e britânicos em território sírio, em resposta ao alegado ataque químico das forças de Assad em Douma, retirou “qualquer obrigação moral” que Moscovo tinha relativamente ao fornecimento do sistema antimísseis S-300 ao regime sírio. 

“Prometemos não fazê-lo [instalar o sistema] quando há cerca de uma década os nossos parceiros [sírios] nos pediram, por considerarmos que o gesto poderia desestabilizar a região – ainda que o sistema [S-300] seja puramente defensivo. Mas agora já não temos essa obrigação moral”, afirmou Lavrov, que garantiu ainda que Moscovo está a “trabalhar para assegurar” que os inspectores da Organização para a Proibição de Armas Químicas possam investigar o ataque nos arredores de Damasco.

Skripal e Kim

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Moscovo abordou ainda o caso do envenenamento do antigo espião russo Serguei Skripal e da sua filha, em Salisbury, no Reino Unido, que espoletou uma das maiores crises diplomáticas dos últimos tempos e que levou à expulsão de mais de 100 diplomatas russos em 25 países ocidentais. 

Lavrov nega o envolvimento do Kremlin no ataque e lembra que o agente nervoso Novichok, ao qual os dois cidadãos russos foram expostos, também fazia parte o arsenal militar norte-americano. “Esta substância foi patenteada, constava do arsenal dos EUA e foi utilizada por várias instituições de forças militares biológicas e químicas norte-americanas. E é fácil de produzir”, argumenta o responsável russo.

A crise na Península da Coreia também mereceu um breve comentário de Lavrov, que negou qualquer possibilidade de Moscovo poder servir de Estado mediador no encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un – ainda sem data, local ou garantias de que se vai mesmo realizar – ou de receber os dois líderes em território russo.

“Penso que não deveremos ser demasiado activos sobre este tema, nem devemos apresentar quaisquer iniciativas”, rematou Lavrov.