Na Marcha do Retorno já morreram 31 palestinianos

O protesto palestiniano contra a ocupação israelita vai no 15.º dia. Só termina a 15 de Maio, quando se assinala a expulsão de milhares de pessoas das suas terras quando surgiu o Estado de Israel, que vai celebrar 70 anos.

Fotogaleria

O grupo palestiniano Jihad Islâmica confirmou a morte de quatro dos seus militantes envolvidos nos violentos confrontos com as tropas israelitas na fronteira da Faixa de Gaza. Num comunicado o grupo diz que "está de luto por combatentes martirizados durante as preparações", a forma que costuma usar para baixas acidentais na detonação de engenhos explosivos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O grupo palestiniano Jihad Islâmica confirmou a morte de quatro dos seus militantes envolvidos nos violentos confrontos com as tropas israelitas na fronteira da Faixa de Gaza. Num comunicado o grupo diz que "está de luto por combatentes martirizados durante as preparações", a forma que costuma usar para baixas acidentais na detonação de engenhos explosivos.

O Governo palestiniano confirmou que ocorreu uma explosão na zona Sul da Faixa. E os médicos palestinianos no local disseram, citados pela Euronews, que um engenho explosivo detonou ao ser atingido por um disparo de um tanque israelita no outro lado da fronteira.

"Não temos conhecimento de qualquer disparo israelita nessa zona", disse um porta-voz militar do Governo de Benjamim Netanyahu citado pela BBC.

Os protestos na barreira entre a Faixa de Gaza e Israel começaram no dia 30 de Março. Nos confrontos com as tropas israelitas, que têm ordem para disparar a matar, já morreram 31 palestinianos e centenas ficaram feridos – os militantes da Jihad não estão incluídos neste balanço. Um jornalista palestiniano foi morto. A violência da resposta israelita foi criticada pelos organismos internacionais que a consideraram desproporcional em relação à ameaça.

O protesto palestiniano ocorre num momento em que o processo de paz não só parou como sofreu retrocessos. O Presidente dos EUA, Donald Trump, reconheceu Jerusalém como capital do Estado de Israel e, no dia 14, quando se celebra o 70.º aniversário do Estado de Israel, muda a sua embaixada para a cidade. Trump quebrou o consenso internacional que existia sobre a neutralidade da cidade santa que os palestinianos reivindicam também como capital de um futuro estado.

A este longo período de protestos, os palestinianos chamaram Grande Marcha do Retorno. Começou numa data simbólica: a 30 de Março de 1976 os israelitas mataram seis palestinianos que participavam numa manifestação a recordar o confisco das terras da Palestina para a criação do Estado de Israel, a 14 de Maio de 1948. E vai terminar a 15 de Maio, o dia da Nakba (catástrofe), quando se assinala a expulsão dos palestinianos da suas antigas terras.

Há sete décadas que os palestinianos exigem o direito de regressar às terras de onde foram obrigados a sair.

Os protestos foram muito violentos na primeira semana, quando num só dia morreram, atingidos por balas israelitas, 17 palestinianos. Para manter a Marcha do Retorno activa, os palestinianos ergueram tendas ao longo da fronteira de Gaza - chegaram a estar na zona 17 mil pessoas. Construíram uma barreira de fumo, usando pneus a arder, para dificultar a visão aos israelitas que posicionaram tanques e atiradores no seu lado da fronteira, respondendo com fogo e gás lacrimogéneo contra os que se aproximam do perímetro de segurança (a zona de exclusão) que criaram e que está limitado por arame farpado. 

Do lado palestiniano, são atiradas pedras e cocktails molotov.

"Não cederemos nem um centímetro de terra da Palestina", disse num dos primeiros dias do protesto Ismail Haniyeh, o líder do Hamas, partido que governa a Faixa de Gaza, citado pela Reuters. "Não há alternativa para a Palestina a não ser o retorno".