Rússia diz que ataque químico não aconteceu, Macron diz que tem provas que sim

Inspectores que vão fazer a análise de que agentes químicos foram usados estão a caminho do local, diz a .

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Macron na entrevista à TF1 YOAN VALAT/EPA

A porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, disse nesta quinta-feira que as tropas russas em Douma não encontraram qualquer prova de um ataque com armas químicas, que definiu como “imaginário”. Estas declarações foram feitas poucas horas depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmar que Paris tem provas de que o regime de Bashar al-Assad “usou armas químicas – pelo menos cloro” num ataque “na semana passada”.

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A porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, disse nesta quinta-feira que as tropas russas em Douma não encontraram qualquer prova de um ataque com armas químicas, que definiu como “imaginário”. Estas declarações foram feitas poucas horas depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmar que Paris tem provas de que o regime de Bashar al-Assad “usou armas químicas – pelo menos cloro” num ataque “na semana passada”.

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) anunciou que uma equipa de inspectores começará o seu trabalho no local no sábado, depois de o enviado da Síria na ONU dizer que o primeiro grupo de inspectores já estava a caminho de Damasco.

Zakharova disse que a Rússia “não pode apoiar acusações desonestas”. Acusou os EUA de usarem um tom “militarista” e Washington e Paris de violarem a carta das Nações Unidas com ameaças de ataques contra o regime de Assad. Este falou e avisou, segundo a televisão síria, que qualquer acção levada a cabo por países ocidentais apenas irá “causar mais instabilidade na região”. 

Já Macron afirmou numa entrevista à televisão TF1 que serão feitas “todas as verificações” sobre este ataque químico levado a cabo por Assad e sobre quando este foi feito. Citado pelo jornal Figaro, acrescentou que “é preciso tirar ao regime os meios de preparação [das armas]”.

Haverá uma reacção “no momento certo”, para ser “mais eficaz", concluiu.

Macron prometera que a França responderia a um ataque deste tipo pelas forças do regime sírio, e, depois das imagens de vítimas de um bombardeamento em Douma no fim-de-semana, que mostram sinais de intoxicação com gases perigosos (suspeita-se de cloro e sarin), tem estado em contacto com o Presidente norte-americano, Donald Trump, que também prometeu uma retaliação

Esta quinta-feira, de novo no Twitter, Trump, que antes avisara a Rússia de que os mísseis americanos estavam a chegar à Síria, disse agora que um ataque “pode ser brevemente ou não acontecer tão cedo”. O secretário da Defesa, Jim Mattis, garantiu que os EUA "não vão intervir na guerra civil em si", e adiantou que notificaria o Congresso no caso de uma acção.

Paris e Washington partem do princípio de que Bashar al-Assad é o autor do ataque, mas uma resolução no Conselho de Segurança (CS) da ONU para criar uma missão para apurar se foram usadas armas químicas e quem as usou foi vetada pela Rússia na terça-feira à noite.

Na mesma sessão do CS, Moscovo propôs a sua própria resolução, para uma investigação apenas ao uso de químicos proibidos mas sem apontar responsabilidades; esta foi chumbada pela maioria dos membros do CS.

Mattis disse que os EUA "acreditam que houve um ataque químico" e estão a procurar "provas". Mas mesmo que os investigadores provem o uso de armas químicas, não é o seu papel indicar quem levou a cabo o ataque, apenas que gás foi usado.

"Não posso dizer-vos que temos provas, embora tenhamos certamente muitos indicadores de que ou cloro ou sarin foram usados", afirmou Mattis.

O secretário da Defesa acusou a Rússia de ser "cúmplice" ao ajudar a Síria a manter armas químicas, e ainda de "bloquear esforços" diplomáticos para ajudar a acabar a guerra no país.

Na quarta-feira, através do Twitter, Macron afirmou que há provas do uso de armas químicas pelo regime sírio, mas não especificou a que ataque se referia. O Presidente acrescentava na rede social que a França estava a agir de vários modos, incluindo a troca de informação com os aliados para definir a reacção a ter, que ocorrerá “nos próximos dias”.

Qualquer ataque levado a cabo pela França ou pelos EUA tem de ser cuidadosamente medido para assegurar que não atinge forças russas no terreno. Embora não haja um número fiável de tropas russas na Síria, sabe-se que estão em muitas das bases militares sírias – que seriam um alvo provável.

O Kremlin afirmou que há uma linha de comunicação directa entre os EUA e a Rússia para evitar um confronto acidental entre os dois lados na Síria.

Macron disse também na entrevista que está em contacto regular com o Presidente russo, Vladimir Putin, e que a França “não permitirá em caso algum uma escalada que possa ameaçar a estabilidade na região”.