Itália: quando ganhar não significa (de certeza) governar

As sondagens acabaram e dizem que será muito difícil formar governo. Mas os resultados também podem ficar bem longe dos inquéritos.

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Já não vai haver novas sondagens até os italianos irem às urnas, a 4 de Março. Como sempre, os inquéritos estão proibidos nas duas últimas semanas de campanha. Mas não é por isso que as dúvidas sobre quem irá governar o país que mais vezes muda de Governo na Europa são mais. “Nenhuma maioria é possível”, escreveu em título o diário La Repubblica. “Sem maioria”, escolheu o Corriere della Sera.

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Já não vai haver novas sondagens até os italianos irem às urnas, a 4 de Março. Como sempre, os inquéritos estão proibidos nas duas últimas semanas de campanha. Mas não é por isso que as dúvidas sobre quem irá governar o país que mais vezes muda de Governo na Europa são mais. “Nenhuma maioria é possível”, escreveu em título o diário La Repubblica. “Sem maioria”, escolheu o Corriere della Sera.

Ou seja, olhando para o conjunto das sondagens é impossível perceber que vai conseguir formar uma maioria nas duas câmaras do Parlamento. Individualmente, o Movimento 5 Estrelas mantém-se como mais votado, chegando aos 27,8%, mas só depois de contados os boletins se saberá se o tabu imposto pelo fundador Beppe Grillo ainda vale ou se o partido agora livre do “pai” admite coligar-se para chegar ao poder.

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Aparentemente, é a coligação de direita e extrema-direita que ditará as regras das negociações, já que o conjunto dos partidos desta área política que fizeram um acordo pré-eleitoral alcança aos 37,2% das intenções de voto. Com uma lei eleitoral por testar, que mistura o sistema proporcional com o uninominal, sabe-se que este resultado não será suficiente para obter a maioria. Os peritos estimam ser preciso uns 40% para lá chegar.

Em segundo no que respeita a partidos surge o Partido Democrático, no poder, mas com Matteo Renzi (que se demitiu em Dezembro de 2016 por causa do chumbo em referendo da sua reforma constitucional) de novo como candidato, que soma 22,9% dos votos. Somando estes eleitores aos que admitem votar em partidos com que o PD já se entendeu chega-se aos 27,4%.

E com milhões de indecisos, os resultados podem estar bastante longe do que indicam as sondagens. Em 2013, por exemplo, as sondagens subvalorizaram o resultado do 5 Estrelas – os politólogos dizem que o mesmo pode acontecer desta vez, com muitos eleitores descontentes com o PD entre os indecisos, dispostos a dar o voto ao partido anti-sistema.

O que isto significa é que pode ser preciso haver novas eleições, sem garantias de resultados diferentes. Mas também é possível que a Liga decida tentar aliar-se ao 5 Estrelas ou que Silvio Berlusconi (impedido de ser eleito) escolha dar a mão ao PD e abandonar a direita mais extrema do que a sua. Ou seja, quando forem votar, a 4 de Março, os italianos não farão ideia do que os partidos farão nos dias e semanas seguintes com os seus votos.