Arquitectura
Hestnes Ferreira: a obra de um arquitecto de "percurso solitário e de serena independência"
Há 11 anos, na atribuição do doutoramento Honoris Causa da Universidade de Coimbra, o arquitecto Alexandre Alves Costa falava da obra do seu colega e amigo Raúl Hestnes Ferreira classificando o seu percurso como sendo "solitário e de serena independência". O arquitecto português, que morreu este domingo em Lisboa com 86 anos, "era uma pessoa muito sólida, tanto no plano pessoal, como enquanto arquitecto, e as suas obras têm uma grande solidez: ele sabia muito de construção, e no desenho era um caso à parte”, acrescenta Alves Costa. Hestnes Ferreira, que ao longo da sua vida foi distinguido com o Prémio Nacional de Arquitectura e Urbanismo (1982), com o Prémio Eugénio dos Santos e o Prémio Nacional de Arquitectura (1993) e com o Prémio Valmor (2002) foi o responsável por vários projectos marcantes da arquitectura nacional, incluindo o complexo de edifícios do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, em Lisboa, a Escola Secundária de Benfica, também em Lisboa, ou mesmo a Casa de Albarraque, que construiu como um refúgio fora de Lisboa para o seu pai, o escritor José Gomes Ferreira.