Quem é o condutor português? Conduz 9000 quilómetros por ano, tem carro com uma década e usa-o diariamente

A cada semana, os portugueses percorrem entre 50 a 200 quilómetros em carros cuja vida útil é “prolongada o mais possível”. A conclusão é do relatório do Automóvel Club de Portugal sobre o perfil do condutor português. Documento é apresentado esta terça-feira, no mesmo dia em que será lançado o Observatório do ACP.

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Rui Gaudêncio

Um terço dos agregados familiares tem três ou mais veículos. Ainda assim, 31% dizem não ter estacionamento próprio e acabam por estacionar na via pública. Por outro lado, em quase 70% dos casos há um ou mais lugares de estacionamento por casa. Isto “traduz situações muito diversificadas em relação a este problema, normalmente associadas à idade do edifício”. Por norma, quanto mais recente for a habitação, maior a probabilidade de haver mais do que um lugar de estacionamento.

As conclusões resultam de um estudo do Automóvel Club de Portugal (ACP), que teve como base uma amostra de 6560 indivíduos (sócios e não-sócios do ACP), com mais de 18 anos e detentores de carta de condução. A maioria dos inquiridos reside em Lisboa e no Porto. Tanto o estudo como o Observatório do ACP são apresentados esta terça-feira.

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Quanto mais carros o agregado familiar possui, maior é a “especialização” de determinados veículos. “O primeiro é o mais utilizado quotidianamente e para as deslocações mais longas, enquanto os outros são mais afectos a actividades específicas”, lê-se no relatório do ACP.

As motas também integram cerca de 8% do parque motorizado dos agregados familiares.

Maioria espera quase uma década para trocar de carro

Quanto ao uso do carro, três em cada quatro condutores portugueses usam-no diariamente e cerca de metade percorre entre 50 e 200 quilómetros por semana. Ao final do ano, a média é de nove mil quilómetros percorridos, uma distância que permitia ir a Moscovo e voltar. Os condutores inquiridos têm em média carros com dez ou mais anos.

A opção pela deslocação em veículo próprio, que ocorre em 78% das vezes nos percursos entre a casa e o trabalho, deve-se à “menor atractividade do transporte colectivo”. Nem tanto pela questão da cobertura, diz o relatório, mas pela menor frequência e incómodo relacionado com os transbordos.

Ainda assim, apesar da ampla utilização deste meio de locomoção, o estudo enfatiza que há consciência por parte dos condutores que “o automóvel degrada os centros das cidades e é mau para o ambiente” e que circulam veículos em “excesso” nos centros das cidades.

Também não é a utilização frequente do automóvel que faz com que os portugueses optem por trocar de carro. Os automóveis de 41% dos inquiridos do ACP têm mais de dez anos.

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A vida útil dos automóveis é “prolongada o mais possível”. Isso pode ver-se em vários aspectos: o elevado número médio de quilómetros acumulado por veículo; o facto de os automóveis com dez e mais anos ultrapassarem os 150 mil quilómetros; e pelo número de revisões realizadas num ano (67% dos carros fizeram revisões em 2016). Há aqui “potencial para a sua renovação [do parque automóvel], logo que as condições económicas das famílias o permitam”.

Um em quatro acha que os outros conduzem pior

Para 68% dos inquiridos, comparativamente com 2016, a condução dos portugueses está “pior ou igual”. Já um em cada quatro diz que está melhor, sobretudo devido “ao maior rigor das leis e das autoridades”.

Outra das conclusões a que o estudo chega, no que diz respeito aos comportamentos dos portugueses aos volantes tem a ver com o uso do telemóvel enquanto factor de distracção. Quase metade dos inquiridos admite falar ao telemóvel enquanto conduz (tanto através de sistema de mãos livres, como recorrendo ao aparelho em si).

Mas quando se pergunta sobre a proibição total da utilização do telemóvel esta é a medida, entre as apresentadas no inquérito, que gera menos concordância. Nas restantes sugestões apresentadas, que incluem a instalação de radares junto às escolas ou a inclusão de tecnologia que impede a condução quando o condutor está sob o efeito de álcool, a concordância é quase total.

Poucos são os que recordam as alterações à renovação da carta. Só 17% referiram aspectos como período de renovação mais curto, a carta por pontos, a possibilidade de alterações online, ou mais exames para pessoas com mais de 65 anos. 

Notícia corrigida às 15h50: onde se lia dois ou mais lugares de estacionamento, passa a ler-se um ou mais.

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