Puigdemont quer regressar a Barcelona mas “sem correr riscos”

Ex-líder catalão beijou bandeira espanhola em Copenhaga e partilhou o vídeo.

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Carles Puigdemont esta terça-feira em Copenhaga Reuters/STAFF

O ex-presidente do governo regional da Catalunha afirmou esta terça-feira que o seu regresso a Barcelona seria positivo para a democracia espanhola, disse estar disposto a fazê-lo já, mas assinalou que pretendia voltar “sem correr riscos”.

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O ex-presidente do governo regional da Catalunha afirmou esta terça-feira que o seu regresso a Barcelona seria positivo para a democracia espanhola, disse estar disposto a fazê-lo já, mas assinalou que pretendia voltar “sem correr riscos”.

Não esclareceu, no entanto, se o facto de ter retirado esta terça feita o pedido para votar através de um representante seu no debate de investidura do novo presidente da Generalitat - cargo ao qual é o único candidato - marcado para 31 de Janeiro tem alguma coisa a ver com estes planos, diz o El País. Não se sabe como poderá o líder independentista ser empossado se não estiver presente na sessão. A possibilidade de o fazer por videoconferência foi considerada inviável pelos serviços jurídicos do parlamento regional.

“Se se respeitassem os resultados das eleições poderia voltar agora mesmo”, disse Puigdemont, numa conferência de imprensa em Copenhaga, na Dinamarca, para onde se deslocou no dia anterior proveniente de Bruxelas.

O meu regresso a Barcelona será não só uma boa notícia para os catalães que apoiam a nossa causa, como também para o povo espanhol e para a Espanha”, afirmou, lembrando que existe uma “larga maioria no parlamento” para voltar a nomeá-lo como presidente do governo da Catalunha. 

Num encontro com deputados dinamarqueses de diferentes partidos, Puigdemont chamou a atenção para a "contradição" de poder entrar num parlamento europeu, mas não no catalão sem correr o risco de ser detido. "Esta reunião demonstra que a Catalunha interessa a toda a Europa", afirmou.

Puigdemont protagonizou ainda um momento de algum espectáculo quando estava sentado numa mesa de um café em Copenhaga e um espanhol residente naquela cidade se aproximou com uma bandeira espanhola, pedindo-lhe que a beijasse. "Não tenho problema nenhum", respondeu o líder catalão, e beijou a bandeira.

"Algum dia hão-de compreender que não temos problema nenhum com Espanha nem com a sua bandeira. A batalha é contra quem exerce o poder despoticamente", afirmou na sua conta de Twitter depois. Os media espanhóis divulgaram o vídeo.

Na segunda-feira, o dia em que Puigdemont saiu de Bruxelas para Copenhaga, o parlamento catalão nomeou-o como candidato para liderar o Executivo regional. A ida para a Dinamarca foi vista por diversos analistas como uma forma de Puigdemont provocar uma detenção. O juiz do Supremo Tribunal, Pablo Llarena, no entanto, ao considerar que aquilo que Puigdemont estava a fazer era uma “provocação”, optou por recusar emitir a ordem detenção que lhe tinha sido pedida pelas autoridades espanholas.

O ex-líder da Generalitat diz que as suspeitas de que tenha tentado forçar a própria detenção são "delirantes" e demonstram a "debilidade" do Estado central.

O Governo espanhol colocou as autoridades fronteiriças em alerta para ficarem atentas a qualquer tentativa de regresso de Puigdemont, ou dos outros dirigentes independentistas que estão actualmente no estrangeiro. 

"Iremos garantir que ele não consegue entrar [no território espanhol] nem sequer escondido na mala de um carro", afirmou o ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido, durante uma entrevista ao canal Antena 3.