Só saíram boas notícias da primeira reunião de Centeno como presidente do Eurogrupo

Progressos nacionais em termos de redução da taxa de desemprego e de consolidação orçamental foram saudados em Bruxelas. Grécia ultrapassou mais uma etapa no seu longo processo de ajustamento económico.

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LUSA/STEPHANIE LECOCQ

Foi um longo dia marcado por sorrisos e abraços, elogios, votos de felicidades e manifestações de confiança aquele em que o ministro das Finanças, Mário Centeno, se estreou a dirigir uma reunião do Eurogrupo, em Bruxelas. Uma reunião onde a discussão foi “viva”, profunda e produtiva, e de onde saíram boas notícias — sobretudo para a Grécia, que ultrapassou mais uma etapa no seu longo processo de ajustamento económico, mas também para Portugal, cujos progressos em termos de redução da taxa de desemprego e de consolidação orçamental foram saudados, e ainda para a zona euro.

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Foi um longo dia marcado por sorrisos e abraços, elogios, votos de felicidades e manifestações de confiança aquele em que o ministro das Finanças, Mário Centeno, se estreou a dirigir uma reunião do Eurogrupo, em Bruxelas. Uma reunião onde a discussão foi “viva”, profunda e produtiva, e de onde saíram boas notícias — sobretudo para a Grécia, que ultrapassou mais uma etapa no seu longo processo de ajustamento económico, mas também para Portugal, cujos progressos em termos de redução da taxa de desemprego e de consolidação orçamental foram saudados, e ainda para a zona euro.

“Bravo, Mário, pela condução da tua primeira reunião como presidente do Eurogrupo. És verdadeiramente o Ronaldo das finanças públicas portuguesas”, resumiu o comissário europeu para os assuntos económicos e financeiros, Pierre Moscovici, na conferência de imprensa após a conclusão dos trabalhos. Centeno já se tinha encarregado de avançar as linhas gerais vertidas no comunicado final do encontro, deixando convenientemente de fora qualquer referência à apreciação feita pelos ministros do Eurogrupo do relatório da sétima missão de supervisão pós-programa de ajustamento a Portugal. No entanto, Centeno não resistira a antecipar uma avaliação positiva antes do início dos trabalhos: “Vamos ouvir palavras de encorajamento; há um sentimento muito positivo sobre a economia e as finanças públicas em Portugal”, revelou.

Sem denunciar o nervosismo dos estreantes, o ministro das Finanças português repetiu uma mensagem de “optimismo e determinação” em inglês e português aos jornalistas que o esperavam com perguntas antes do arranque da sua primeira reunião como presidente do Eurogrupo. “Os próximos tempos serão muito exigentes mas também muito interessantes para o processo de construção da Europa”, disse Centeno, que se sente afortunado por chegar ao cargo no momento propício em que existe uma “coordenação dos ciclos políticos” e um crescimento sustentado da economia da zona euro ao longo dos últimos 18 trimestres.

“Há um apoio bastante alargado para o processo de construção, que só pode ser aproveitado por quem lidera”, sublinhou, insistindo que “politicamente” a sua mensagem é muito clara. “É importante, neste momento, olhar para a expansão da zona euro de uma forma positiva e construtiva” — Centeno respondia, na mesma frase, ao repto do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que o aconselhara a aproveitar que faz sol para consertar o telhado da casa, e a uma pergunta sobre a eventual adesão da Bulgária à moeda única. “Há condições para que isso aconteça. Temos um conjunto de critérios que a Bulgária satisfaz. Naturalmente, seria feita uma análise conjunta quando e se tal for solicitado pelas autoridades búlgaras”, afirmou.

Mas a eventual entrada de Sofia no Eurogrupo era uma questão ad-hoc e muito longínqua da agenda da reunião dos 19 membros da zona euro, cujo tema principal era o relatório da terceira avaliação à execução do programa de ajustamento grego. “Em relação à Grécia, temos boas notícias. Chegamos a um acordo político relativo à terceira avaliação, um acordo que reflecte o  enorme esforço e a cooperação entre o Governo grego e as instituições”, anunciou Mário Centeno, acrescentando que o entendimento unânime era de que estão criadas as condições para o desembolso da próxima tranche de 6,7 mil milhões de euros prevista ao abrigo do mecanismo europeu de estabilidade.

A partir de agora, prosseguiu, pode começar o trabalho técnico para o estabelecimento de medidas de alívio da dívida, com o Eurogrupo a recomendar que exista um mecanismo que associe esse processo ao crescimento económico do país. Centeno referiu-se à necessidade de uma “abordagem holística” para o crescimento na Grécia, que mantenha o ímpeto reformista para além do prazo do programa de ajustamento.

“O caminho percorrido pela Grécia é espectacular, o progresso é encorajador”, completou Pierre Moscovici. “Confio que as autoridades gregas farão tudo para completar as medidas, e que 2018 será o ano decisivo em que a Grécia sairá deste longo período de assistência, e voltará a ser um país normal, com regras e procedimentos normais no seio da zona euro”, disse.

O tom geral de confiança e optimismo voltou a sobressair nas declarações proferidas sobre a evolução da economia portuguesa, e sobre a conjuntura global da zona euro. O desempenho da economia e das finanças nacionais foi elogiado pelos membros do Eurogrupo, que destacaram os progressos no sector financeiro, com a revisão do rating e o upgrade da dívida soberana, e a melhoria das condições de acesso aos mercados com taxas de juro mais baixas. “Não quer dizer que esteja tudo acabado, e ainda há desafios”, alertou Moscovici, sem enfatizar demasiado os aspectos negativos talvez em deferência com o novo presidente do Eurogrupo. 

No que diz respeito à zona euro, “mais uma vez, temos boas notícias”, congratulou-se Mário Centeno. “A situação económica melhorou significativamente, com crescimento sólido e criação de emprego em virtualmente todos os países da zona euro. Este é um bom momento para tornar as nossas economias mais resilientes, e para avançar com a reforma da zona euro. Sinto um grande ambiente, e farei o meu melhor para explicar a todos os benefícios deste ambicioso processo cujas bases acabamos de lançar”, declarou.

O desafio, concordaram Centeno e Moscovici, será aproveitar a conjuntura e ambiente favoráveis para avançar, “sem perder tempo com as incertezas políticas”, com a discussão das propostas para a reforma da zona euro. O ministro português acredita que até ao prazo estabelecido de Junho será possível “completar a arquitectura da união bancária” e outras medidas de curto e médio prazo. “O processo demorará algum tempo, algumas decisões estão mais maturadas e outras exigem mais trabalho”, reconheceu.

A sucessão de boas notícias na conferência de imprensa foi tal que a jornalista da SIC, Susana Frexes, perguntou ao ministro se queria que fosse essa a marca da sua presidência do Eurogrupo. “As boas notícias são o resultado do trabalho árduo, e creio que podemos continuar a dar boas notícias aos nossos cidadãos se continuarmos com o trabalho árduo. Esse é o propósito da minha presidência nos próximos dois anos e meio”, respondeu Centeno.