Frederico Champalimaud quer Espiche Golf no mapa

É o novo director-geral do empreendimento no barlavento algarvio, perto de Lagos

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Frederico Champalimaud vira página na sua carreira profissional © D.R.

Depois de 15 anos no prestigiado Grupo Oitavos, em Cascais, onde era Director de Golfe dos Oitavos Dunes Links e Director de Vendas no Oitavos Hotel, Frederico Champalimaud virou uma página na sua carreira profissional: a 3 de Janeiro, iniciou funções como director-geral do Espiche Golf, em Lagos, no pitoresco e menos turístico barlavento algarvio. É um desafio de monta, já que lhe cabe supervisionar o golfe, o marketing e o projecto hoteleiro e imobiliário que vai arrancar este ano.

Licenciado em gestão hoteleira pela Thames Valley University de Londres, Frederico Champalimaud tem um percurso internacional que inclui Conrad International e Hayatt Carlton Towers em Londres, e o Hayatt Regency Savannah, nos EUA. Em Portugal, desempenhou ainda funções como diretor-geral do Quinta da Marinha Health & Racket Club.

A sua vasta experiência em todos os aspectos da gestão de golfe e interesse pessoal pelo jogo, serão com certeza uma mais-valia para o Espiche Golf, inaugurado em 2012. É um excelente golfista, com 6.3 de handicap e, como contabiliza nesta entrevista, já jogou em mais de 240 campos de golfe por todo o mundo, dos quais 48 integram o Top-100 do ranking mundial pela norte-americana Golf Magazine.  

A sua nomeação surge após um ano em que o Espiche Golf atingiu a marca das 30 mil voltas anuais, em que inaugurou uma nova área de jogo curto para completar o driving range e em que lançou uma parceria com a Elite Golf Academies, a qual trouxe Steven Bainbridge para apoiar o desenvolvimento da equipa de profissionais no clube.

No comunicado distribuido às redacções, a administração do emprendimento homenageia e agradece a Luis Rocha, director geral que deixa o cargo, pelo excelente trabalho realizado nos últimos dois anos no Espiche.

Durante a entrega de prémios do torneio Oitavos Classic, em Janeiro do ano passado © FILIPE GUERRA

GOLFTATTOO – Sentiu que era tempo de virar uma página na sua carreira?

FREDERICO CHAMPALIMAUD – Definitivamente. A mudança de destino, de estilo de produto, de responsabilidades. Em Oitavos, eu era director de golfe e director de vendas, aqui acabo por ser director-geral e supervisiono não só toda a parte de golfe, mas também toda a componente imobiliária e hoteleira que está por desenvolver.

Como é que surgiu o desafio de Espiche Golf?

Foi uma resposta directa a um anúncio publicado no Linkedin. Depois teve um processo de selecção e recrutamento prolongado, com a duração de sete meses. Foi um processo exaustivo, com quatro fases diferentes, entre elas entrevistas presenciais com os proprietários do campo e com a equipa que ia reportar a mim, desde as operações ao marketing.

Como avalia os quinze anos nos Oitavos?

Muito positivo. O campo é hoje em dia considerado um dos melhores do país – é o 55.º melhor campo do Mundo segundo a Golf Magazine dos EUA. Realizámos 10 torneios profissionais, entre os quais quatro Opens de Portugal. E acabámos por conseguir integrar um hotel de cinco estrelas com 140 quatros dentro do próprio campo de golfe. Os resultados foram também muito positivos na parte comercial, junto dos tour operators e dos intermediários pela Europa fora. 

Ao longo desses anos, vi o campo melhorar, ganhar um look mais links e tornar-se cada vez mais fácil. É uma das coisas que vamos também fazer aqui em Espiche, tornar o campo um pouco mais acessível: limpeza de mato, deixar crescer os semi-roughs a fim de impedir as bolas de rolar para dentro do mato, possibilidade de criar novas marcas de tees como fizemos em Oitavos, passando de quatro cores diferentes para cinco, permitindo às pessoas de handicaps mais altos jogarem num campo mais curto.

Quais são os desafios que que tem pela frente em Espiche?

O campo ainda é bastante desconhecido junto do mercado nacional. Nos primeiros anos, teve alguns problemas de manutenção e de design. Só nos últimos dois anos subiu para outro patamar, e hoje em dia é um campo com uma manutenção acima da média, reconhecido pelo Trip Advisor como sendo o melhor no Western Algarve. É preciso capitalizar isso.

O campo tem uma coisa fantástica que o vai distinguir dos outros: não tem imobiliário em cima dos fairways, o que o torna muito natural golf. O desafio que nós temos é pôr o campo no mapa. Não só queremos incluí-lo nas ordens de mérito dos clubes sem campo das imediações, como queremos que os portugueses, quando vierem ao Algarve, especialmente no Verão, venham cá ao nosso campo. Há uma grande concentração de campos no Algarve central e nós queremos também ir um bocado à boleia desse campo magnífico que é o Onyria Palmares, que fica aqui ao nosso lado. Queremos também que os portugueses passem a considerar o Espiche Golf para os seus eventos.

É um campo que já tem mais de 30 mil voltas anuais, quais são os principais mercados?

Os tradicionais aqui para o Algarve: inglês, escandinavo, irlandês, alemão, francês.

O Espiche Golf tem potencial para crescer em número de voltas?

Definitivamente. A zona do Oeste está a ganhar cada vez mais notoriedade, e por isso quero sublinhar mais uma vez o trabalho que tem sido feito por Palmares, pelo Boavista e pelo Penina, os nossos vizinhos. Há aqui grandes potencialidades para nós crescermos, não só a nível de voltas, mas acima de tudo a nível de preços.

Obviamente que no Espiche Golf, para efeitos de lançamento, foi necessário fazer um grande esforço comercial a nível dos preços de green fee, que hoje em dia são bastante abaixo da média dos campos aqui no Algarve. A qualidade da manutenção e o design do campo de golfe são, neste momento, extraordinários. Queremos fazer crescer o número de volta mantendo um nível de green fee médio.

Sendo licenciado em Gestão Hoteleira, como é que a sua carreira enveredou pelo golfe?

Foi uma questão de oportunidade. As áreas estão naturalmente ligadas. Trabalhei em hotéis de cinco estrelas, depois surgiu a oportunidade de trabalhar para o golfe de Oitavos Dunes, onde também desempenhei um papel importante no desenvolvimento do hotel, especialmente na parte comercial.

Não temos por enquanto um hotel em Espiche, mas temos parcerias muito fortes com hotéis aqui da região de Lagos, e temos também um projecto hoteleiro para desenvolver que vai arrancar em 2018, pelo que a minha experiência a nível de hotelaria vai ser importante aqui para a empresa.

Como vai ser a parte hoteleira e imobiliária do empreendimento?

Existe todo um business plan para desenvolver cerca de 150 villas em Espiche, para além do hotel, que ainda não tem nome. Não vamos vender os terrenos, vamos ser nós a construir o projecto, que tem um design bastante diferente daquilo que é habitual aqui no Algarve, tirando proveito das paisagens para a serra de Monchique.

Sendo um bom golfista, como é que tudo começou para si no golfe?

Eu cresci em Cascais, vi o campo da Quinta da Marinha a ser construído, a minha avó tinha uma casa em frente àquele que é hoje o buraco 7. Cresci a ir directamente para o fairway do 7 e a bater umas bolas. Tive aulas com o António Dantas, que na altura era o profissional do campo da Quinta da Marinha. Depois deixei o golfe durante muito tempo porque tornei-me atleta olímpico de vela, só voltando a jogar quando fui para os Oitavos em 2002.

Chegou a participar nos Jogos Olímpicos?

Não. Fiz duas campanhas olímpicas para os Jogos Olímpicos, numa delas, para Atlanta-1996, perdi a qualificação para o Hugo Rocha e o Nuno Barreto, que viriam a ganhar a medalha de bronze.

É verdade que já jogou em mais de 200 campos de golfe em todo o mundo?

Ao certo, são 241. Tenho a ambição de jogar todos os campos que integram o top-100 da Golf Magazine – neste momento já joguei em 48 e em Portugal só me faltam quatro campos.

Qual foi a sua melhor experiência?

O Pine Valley Golf Club, um campo privado que é considerado o melhor do mundo. Eles têm três quartos no clubhouse, fiquei a dormir num deles. Lembro-me de todos os 18 buracos, e só joguei lá uma vez e foi há sete anos. Uma experiência de campo de golfe única é quando chegamos ao fim e nos conseguimos lembrar dos 18 buracos. Tenho um amigo, o José Maria Cazal-Ribeiro, que se lembra-se dos 18 buracos de todos os campos que jogou, mas eu não tenho essa memória fotográfica. Sendo eu um jogador que tem preferência por links, todos os campos links da Irlanda e da Escócia são especiais, como County Down, Turnberry, Troon, The Island.

Que tal tem sido viver no Algarve?

Para começar, o custo de vida não é tão mais barato do que Lisboa como as pessoas podem achar, especialmente para as pessoas que estão a viver em Lagos. Mas, definitivamente, aqui há qualidade de vida. Na minha perspectiva Lisboa está a ficar sobrelotada de pessoas e carros, Cascais a mesma coisa, está a tornar.se impossível. Especialmente aqui a parte do oeste do Algarve está pouco explorada, as praias são fantásticas. Estou a morar temporariamente em Espiche, a minha intenção é arranjar casa em Lagos, talvez na praia da Luz. Neste momento ainda estou em fase de transição, só estou cá há oito dias, é muito cedo.

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