Mulheres que governam os bastidores da favela brasileira

Pastora Claudia na igreja ©Kristin Bethge
Fotogaleria
Pastora Claudia na igreja ©Kristin Bethge

Sobrepopulação, ilegalidade, pobreza, insalubridade, desordem. O estereótipo associado às favelas brasileiras encerra estes conceitos, que recaem como estigma sobre os seus habitantes. Quem vive no Bairro da Maré, uma área habitacional carioca composta por 17 favelas e que alberga cerca de 130 mil pessoas (segundo dados aferidos pelo IBGE, em 2006), enfrenta inúmeros desafios. "É um território onde a polícia não entra e que vive segundo as suas próprias regras", afirma a fotógrafa alemã Kristin Bethge, autora da série fotográfica Mulheres da Maré, em comunicado enviado ao P3. As "fortes mulheres" que residem nas favelas deste bairro inspiraram a fotógrafa desde a sua primeira estadia no Rio de Janeiro, em 2013. "Elas enfrentam muito preconceito dentro da sociedade brasileira: são negras, nordestinas, vivem numa favela e são mulheres."

 

O projecto incide sobre a vivência de quatro residentes — a adolescente Joyce, a assistente social Cláudia, a jovem cabeleireira Rayani e a sua amiga e colega de trabalho Baiana — e tem como objectivo "refutar activamente a imagem da favela" veiculada pelos meios de comunicação social brasileiros, que Kristin considera "estigmatizante". "Notei que as pessoas na Maré são tratadas de forma diferente, que os seus direitos são desrespeitados com frequência. A polícia invade as casas e força as pessoas a despejar os seus bolsos sem que haja nenhuma razão. Por esse motivo, os cartéis de droga [que dominam o território] são encarados como protecção [por parte dos habitantes]."

 

O facto de ser pouco dispendioso viver na Maré faz com que muitos não abandonem o local. "Se perguntares às pessoas se gostariam de abandonar a favela, elas responderão prontamente que sim. 'Mas é tão barato viver aqui', argumentam." Outros sentem uma ligação próxima com os seus vizinhos, o que os faz sentir mais seguros e integrados.

 

A fotógrafa alemã, que não sente medo ao visitar as favelas, é seguida por mais de mil pessoas no Instagram, a plataforma que utiliza para partilhar registos do seu quotidiano na capital brasileira.

Joyce em frente da casa da sua avô ©Kristin Bethge
Café e Tapioca na casa da avô da Joyce ©Kristin Bethge
Rayani na academia na Maré ©Kristin Bethge
Joyce em frente da casa da sua avô ©Kristin Bethge
Vista para partes da Maré e para o Complexo do Alemão ©Kristin Bethge
Claudia e esposo numa missa na laje da casa deles ©Kristin Bethge
Rayani em frente do salão de beleza com uma vizinha ©Kristin Bethge
Rayani a recolher manga verde ©Kristin Bethge
Vista na Maré para a via expressa Linha Vermelha ©Kristin Bethge
Rayani no seu salão de beleza ©Kristin Bethge
Vista da casa da Rayani ©Kristin Bethge
Joyce perto da casa, olhando para Maré, no fundo está a Igreja da Penha ©Kristin Bethge
Rayani fechando o seu salão de beleza ©Kristin Bethge