Cultura

A cada ilustração de Tiago Galo, o universo ganha personagens

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É provável que já te tenhas cruzado com uma das ilustrações de Tiago Galo. Ao virar as páginas do Financial Times, na Casa da Música ou até pelas redes sociais, o universo criado pelo ilustrador lisboeta é reconhecível. "Quase todas as ilustrações podiam fazer parte do meu mundo", diz. Tornou-se num observador profissional em 2011, quando decidiu largar a arquitectura para se dedicar por inteiro a “transformar coisas em imagens”, como descreve.

O ponto de viragem? O prémio que recebeu no Amadora BD nesse mesmo ano. “Sempre tive esta esperança de fazer alguma coisa na banda desenhada ou na ilustração, mas só quando ganhei o concurso é que tive a wake up call”, explica o ilustrador. Aos 37 anos, colabora com vários jornais e revistas, a maioria estrangeiros. “O mercado português ainda não está muito receptivo à ilustração.”

O trabalho do ilustrador, depois dos primeiros dois anos em modo “travessia no deserto”, passa pelas figuras isoladas que desenha com um certo intuito. Tanto pode falar de finanças como de pobreza ou psicologia. Mas, ao olhar para o álbum de Tiago, o mundo é o mesmo para todas as “personagens”, algo que começou por acaso mas que agora faz parte do estilo que quer aplicar em todas as ilustrações, enviando tudo para esta realidade alternativa.

Há algumas semanas lançou o primeiro livro ilustrado. Uma mudança de perspectiva com a criação de ilustrações para o conto A Revolução, de Slawomir Mrozek, editado pela Alfaguara como o segundo volume da colecção com curadoria de Afonso Cruz, que convidou o lisboeta para recriar este mundo em imagens. Foi um desafio diferente, que o obrigou a sair da rotina do trabalho inspirado no dia-a-dia, nas viagens de metro ou nas compras de supermercado. Mas que tem tido um feedback positivo, garante. Por agora, a linha de Tiago Galo vai continuar a ser a mesma: enviar personagens para o seu universo alternativo.