Uma toys band e outras músicas no Festival de Marionetas do Porto

De 13 a 29 de Outubro, o festival cruzará cinco palcos e vários espaços não convencionais. Teatro de Marionetas do Porto e Teatro de Ferro estreiam novas criações, de fora vêm Akhe Theatre e Puppetmastaz.

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Este ano vai haver mais música do que o habitual no programa do Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP’17), que decorre de 13 a 29 de Outubro. Quatro das 14 produções que fazem o calendário do certame serão espectáculos-concertos, numa selecção que também está “muito virada para a componente visual”, como esta terça-feira explicou Igor Gandra, director do festival, na apresentação do programa no Teatro Rivoli.

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Este ano vai haver mais música do que o habitual no programa do Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP’17), que decorre de 13 a 29 de Outubro. Quatro das 14 produções que fazem o calendário do certame serão espectáculos-concertos, numa selecção que também está “muito virada para a componente visual”, como esta terça-feira explicou Igor Gandra, director do festival, na apresentação do programa no Teatro Rivoli.

Manipula#som, um concerto visual sobre o universo do circo, que concretiza um projecto lançado por António Oliveira (Radar 360º) no FIMP de 2014, será o primeiro espectáculo do alinhamento (Teatro do Campo Alegre, dia 13), antes da abertura oficial que ocorrerá à noite no Mosteiro de São Bento da Vitória (MSBV), com Marionetas tradicionais de um país que não existe.

Produção do Teatro de Ferro com encenação do próprio Igor Gandra – que assim abre pela primeira vez o festival que dirige desde 2009 –, esta é uma criação, ainda em curso, sobre “uma viagem imaginária a alguns destinos improváveis da globalização”. O encenador e marionetista confessou estar a viver “uma certa inquietação”, associada a momentos de humor, nos ensaios desta peça que tem como cenário uma sala de espera onde ocorrem “danças e rituais de origem indeterminada”.

De regresso à música, teremos Phobos (MSBV, dia 18), uma instalação-concerto produzida pela Sonoscopia e dirigida por Gustavo Costa, com “uma orquestra de pequenos robots medrosos e disfuncionais” – diz a sinopse – a interpretar peças compostas por Carlos Guedes, Rui Dias e José Alberto Gomes

Quiet Motors (Rivoli, dia 18), do artista e músico francês Pierre Bastien, é também uma criação de poesia visual onde a música é entendida como “expressão sonora e poética da matéria animada”. Trata-se de um concerto-performance que combina os sons de um trompete de bolso com o movimento de autómatos construídos com peças e engrenagens de Meccano.

A fechar o alinhamento dos espectáculos musicais, e o próprio programa do FIMP’17, surge Puppetmastaz (Hard Club, dia 21), criação do grupo homónimo multinacional vindo de Berlim, uma banda de hip-hop – eles autodesignam-se como uma “toysband” – que “clama por uma nova ordem mundial em que as marionetas assumiriam o poder”. Creature Funk (2003) e o recente Keep Yo Animal! (2017) são os álbuns que balizam a discografia deste colectivo, sempre em “grito de guerra”.

Também de fora, da Bélgica – um dos seis países representados no festival –, chega pela primeira vez ao Porto a Compagnie Gare Centrale, de Agnès Limbos, que Igor Gandra diz ser “a papisa do teatro de objectos”. Traz Ressacs (Rivoli, dia 15), espectáculo que reflecte sobre a ressaca da mais recente crise e do crash financeiro de 2008 – mesmo se o termo francês significa o movimento das ondas, a vaga que altera o estado das coisas. “E tudo o banco levou” podia ser o subtítulo desta comédia sobre o estado do capitalismo contemporâneo, diz a nota de apresentação de Ressacs.

Gobo. Digital Glossary, do russo Akhe Theatre (Rivoli, dia 21), promete ser outro dos acontecimentos do festival. Igor Gandra apresenta esta “patética peça-laboratório” marcada por um humor desconcertante como “uma das mais importantes peças de teatro visual do início do século XXI”.

Outra produção belga é Gaspard, do colectivo Une Tribu (Rivoli, dia 21), uma peça “curta mas intensa sobre questões de ordem existencial, como a origem do desejo, da vontade e da capacidade de escolher”, diz o director do FIMP’17.

De Itália, chega-nos a tradição do teatro de polichinelo e da commedia dell’arte com La Domus di Pulcinella, de Gaspare Nasuto (Rivoli, dia 20). Trata-se de uma criação deste mestre e virtuoso da manipulação do Guatarello napolitano associado ao teatro de objectos.

O mesmo património tradicional, mas português, estará também no programa com o regresso ao Porto dos Bonecos de Santo Aleixo, recuperados pelo Cendrev - Centro Dramático de Évora (Rivoli, dia 15).

Mas haverá também criações novas no programa: são os casos de Bela Adormecida (Rivoli, dia 20), com que o Teatro de Ferro e Igor Gandra, de novo o encenador, regressam ao famoso conto tradicional popularizado pelos irmãos Grimm; e de Arcano, produção do Teatro de Marionetas do Porto com direcção de Rui Queiroz de Matos (Teatro do Campo Alegre, dia 20), também uma estreia absoluta, desta vez a entrar no universo de Kafka, um bestiário de corpos e máquinas num mundo entre a realidade e a alucinação.

Completam o programa a produção de A Tarumba, de Lisboa, que regressa ao FIMP com Este não é o nariz do Gógol, mas podia ser… com um toque de Jacques Prévert (Rivoli, dia 21), em volta dos imaginários destes dois escritores. E Lendas da Nossa Terra por Romão, o Ancião, uma reconstituição da Lenda do Zé do Telhado pelo Limite Zero (Junta de Freguesia de Ramalde, dia 18) – este espectáculo será também apresentado na Estação de Metro da Trindade (dia 21), abrindo a programação do festival a espaços não convencionais.

Paralelamente ao calendário de espectáculos, o FIMP’17 terá também workshops (WOP) sobre a utilização do boneco de luva, animação de objectos e criação de “seres extraordinários” a partir do corpo humano. E cinco Work in Progress (WIP) com presença de novos criadores, como Elisabete Sousa, Rita Morais, Sara Montalvão e os colectivos Historioscopio e INDRI.

Na apresentação da programação no Rivoli – o Teatro Municipal do Porto, o Teatro Nacional São João e a DGArtes são as entidades que asseguram os principais apoios do festival –, foi também lançada a 3.ª edição da Bolsa de Criação Isabel Alves Costa, agora fixada com periodicidade bienal, abrindo-se a novos criadores, e que terá residências entre o Porto e o Minho, numa parceria com a companhia Comédias do Minho, que tem sede em Paredes de Coura.