Verão de 2017 foi o sexto mais quente e o terceiro mais seco do século

Dia 17 de Junho, em que deflagrou o incêndio de Pedrógão Grande, foi o mais quente do ano.

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Em Julho 69,6% do território estava em seca severa e 9,2% em seca extrema. Rui Gaudencio

O Verão ainda não terminou, mas o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já considera que a estação foi uma das mais quentes e secas desde que existem registos. De acordo com o Boletim Climatológico periódico divulgado esta segunda-feira, o Verão de 2017 foi o 6.º mais quente e o 3.º mais seco desde o início do século.

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O Verão ainda não terminou, mas o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já considera que a estação foi uma das mais quentes e secas desde que existem registos. De acordo com o Boletim Climatológico periódico divulgado esta segunda-feira, o Verão de 2017 foi o 6.º mais quente e o 3.º mais seco desde o início do século.

E olhando para todos os registos disponíveis desde 1931, este Verão foi o 9.º mais quente e o 7.º mais seco. O mais quente desde aquele ano em que começaram a ser feitas as medições foi o de 2005.

No documento hoje divulgado, e cujos dados se referem apenas aos meses de Junho, Julho e Agosto, o IPMA refere que "os valores médios da temperatura média do ar foram superiores ao valor normal em todo o território".

Junho, em particular, foi "o 3.º mais quente desde 1931", com as temperaturas mais elevadas registadas entre o período entre os dias 17 e 20. Segundo o IPMA, o dia 17 foi de todo o ano, com 29,4 graus Celsius de temperatura média a nível nacional (e máximas superiores a 40 graus em diversos pontos do país).

Foi precisamente nesse dia que se registou um pico de mortalidade, tendo sido registadas 273 mortes em todo o país, e que deflagrou o incêndio de Pedrógão Grande, que vitimou 64 pessoas. Esse período, de resto, contribuiu para o facto de, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, 2017 ser já o pior ano de incêndios florestais da última década

Já em Julho, os períodos de maior calor foram registados entre os dias 2 e 4 e entre 12 e 17, com o dia 13 a ser o mais quente do mês, com 27,3 graus Celsius de temperatura média.

Em Agosto, os períodos em que foi registado mais calor correspondem ao período entre os dias 3 a 6 e 11 a 26 de Agosto. Os dias mais quentes foram registados entre 20 e 21 de Agosto, “com valores de temperatura média de 27,4 e 27 graus Celsius, respectivamente”.

Nota ainda para os valores extremos de temperatura deste Verão: a mais elevada foi medida a 13 de Junho na Amareleja, concelho de Moura (46,2 graus Celsius), enquanto a mais baixa foi registada em Lamas de Mouro, Melgaço, onde o termómetro baixou aos 0,9 graus Celsius. 

Chuva escasseou

Para além de quente, o Verão foi extraordinariamente seco. De acordo com o boletim do IPMA, “os valores da quantidade de precipitação ocorridos nos meses de Junho a Agosto foram cerca de 23 milímetros”, ou 40% do valor médio.

O documento refere ainda que em apenas seis dias houve registo de “valores de precipitação superiores a um milímetro”, o valor médio diário no continente.

Relativamente à seca, em Junho, 72,3% do território estava em seca severa e 7,3% em seca extrema. Já o mês de Julho foi considerado como o 3.º mais seco dos últimos 17 anos, com 69,6% do território em seca severa e 9,2% em seca extrema.

Durante esse mês observou-se um agravamento da seca no interior do Alentejo, com a Associação Ambientalista Zero a aproveitar para alertar que Portugal tem de se preparar mais para as situações de escassez de água. Também a Quercus apelou para que haja um maior controlo na agricultura intensiva de regadio – o sector onde se regista maior consumo de água a nível nacional, cerca de 75% do total.

No mês de Agosto houve um “desagravamento da área em seca severa e extrema”, com 58,9% do território em seca severa e 0,7% em seca extrema.