Uso, produção e venda de sacos de plástico no Quénia dá direito a prisão

Lei entrou em vigor esta segunda-feira. A pena vai até quatro anos e as multas podem ultrapassar os 30.000 euros.

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Entulho de plástico em Nairobi, capital do Quénia LUSA/DAI KUROKAWA

Entrou esta segunda-feira em vigor a lei mais dura sobre a produção, venda e até utilização de sacos de plástico do mundo. A partir de agora, no Quénia, quem praticar qualquer um destes actos está sujeito a uma pena de prisão até quatro anos ou a multas que podem ir até aos 40.000 dólares (cerca de 33.000 euros), dá conta a Reuters.

Esta medida tem como objectivo reduzir a poluição provocada pela utilização deste material e a acumulação de plástico nos oceanos, colocando em perigo várias espécies marinhas.

“Se continuarmos assim, em 2050 teremos mais plásticos nos oceanos do que peixes”, afirmou Habib El-Habir, especialista em poluição marinha que trabalha no programa ambiental das Nações Unidas no Quénia, citado pela Reuters.

Segundo o mesmo responsável, os sacos de plástico necessitam de entre 500 a 1000 anos para serem decompostos e podem também entrar na cadeia alimentar humana através de peixes e outros animais. Exemplo disso são os matadouros de Nairobi, onde no estômago de algumas vacas destinadas à alimentação humana chegaram a ser encontrados 20 sacos de plástico.

A nova lei queniana dá poderes às autoridades para responsabilizarem qualquer pessoa que utilize um saco de plástico. Mas Judy Wakhungu, ministra do Ambiente do Quénia, explicou que a legislação se concentrará num primeiro momento nos produtores e fornecedores.

Foram precisos três anos para que a lei fosse aprovada. No entanto, esta medida é alvo de críticas. Por exemplo, Samuel Matonda, porta-voz da Associação de Produtores do Quénia, afirmou que esta decisão poderá custar 60.000 postos de trabalho e o encerramento de 176 fábricas. O Quénia é o maior exportador de sacos de plástico da região.

Entretanto, grandes superfícies comerciais no país, tais como a cadeia de supermercados francesa Carrefour ou o Nakumatt, começaram já a oferecer alternativas aos seus clientes para deixarem de distribuir sacos de plástico.

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