Uma Gaia moderna, sem perder identidade

Vila Nova de Gaia é, actualmente, uma cidade de braços abertos para o mundo e com muito para oferecer. Pretende ser “uma cidade global, mas sem perder a sua identidade”, garante Eduardo Vítor Rodrigues, presidente do município.

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O concelho tem vindo a apostar em arte urbana D.R.
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Vista para a Serra do Pilar D.R.
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D.R.
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Bienal Internacional Arte Gaia 2017 D.R.
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O metro alterou a mobilidade dos munícipes nos últimos anos D.R.
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Vista do Miradouro da Serra do Pilar D.R.
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Praia Senhor da Pedra D.R.
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Eduardo Vítor Rodrigues, Presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia D.R.

Gaia é nome de uma deusa da mitologia grega que personifica o planeta Terra e, também, de uma teoria [ou Hipótese de Gaia], criada por James E. Lovelock, que descreve o planeta Terra “como um organismo vivo, que apresenta algumas características como a atmosfera com química e a capacidade para manter e alterar as suas condições ambientais”. Ou seja, Gaia está associada a mudança, adaptação e evolução. Algo que tem tomado contornos reais no município que adoptou o seu nome: Vila Nova de Gaia.

Quase sempre considerada a “segunda cidade” do Douro [apesar de ser a casa do Vinho do Porto] e uma espécie de dormitório da cidade do Porto, Vila Nova de Gaia tem vindo a crescer nas últimas décadas. Em todos os aspectos. Do turismo à cultura, passando pela indústria ou serviços, a cidade tem-se transformado e não para de se reinventar. Vive uma transição.

Quem partilha desta opinião é o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vitor Rodrigues, que a define como “uma cidade de transição, que viveu muito em torno do conceito de dormitório, como aconteceu com todas as cidades do primeiro anel periférico da cidade do Porto, mas é uma metrópole que hoje se reconfigura do ponto de vista das actividades económicas e patrimoniais, tanto a nível turístico como relativo a redes de solidariedade, que é um domínio onde temos apostado, uma vez que queremos criar laços e coesão entre as pessoas. Só assim se cria uma identidade e, nesse aspecto, creio que Vila Nova de Gaia tem sido exemplar ao longo dos últimos anos”.

E essa identidade é algo que marca a cidade e estará sempre presente, mesmo com as mudanças que tem vivido: “há um fenómeno em Gaia que espero que se mantenha, que é o de um relativo bairrismo, de uma defesa da terra, mas isso é compatível com o reforço da coesão do concelho. É esse trabalho de equilíbrio que temos que assumir. Sentirmo-nos de Gaia e ao mesmo tempo da nossa freguesia. Isso é algo que faz parte, actualmente, dos manuais da sustentabilidade de todos os documentos que vão sendo produzidos pelas Nações Unidas, onde se reconhece que os laços se criam de base, mesmo de rua, e que não são impeditivos de termos um sentimento de pertença e afiliação a um concelho que cresce e, neste caso, quer ser importante no país”, salienta o autarca.

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Viver em Gaia é estar perto de tudo

Mais do que bairrista, Gaia é um concelho aberto a todos os que queiram fazer parte dele. Todos são bem-vindos. E, de acordo com Eduardo Vitor Rodrigues, “tem condições extraordinárias. É um concelho muito bonito, que tem todos os equipamentos disponíveis e que do ponto de vista de instituições e equipamentos sociais responde às necessidades da população. Por outro lado, Gaia tem quinze quilómetros de orla marítima e dezassete de orla ribeirinha [se contarmos do centro histórico a Lever] e que tem muito para oferecer no interior, mantendo traços muito genuínos e de identidade local”. Exemplo disso são os espaços verdes que, “ainda não são os suficientes. As questões ambientais são um tema a que temos dado muita atenção, não da sua valorização porque isso é um facto evidente, mas do ponto de vista do lazer, criando espaços onde as famílias e os amigos se encontrem. Temos o Parque da Lavandeira ou o Parque Biológico – onde houve mesmo uma redução do custo na entrada apesar das remodelações que foi alvo – mas achamos que ainda não é suficiente. Para um concelho que é quatro vezes e meio maior que o Porto, temos que ter mais e por isso estamos a apostar em polos distintos, mas complementares, como o Parque de Sampaio, entre outros projectos”, confessa.

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Gaia moderna

Mas Gaia não é apenas um lugar para viver. É um local para investir. Para Eduardo Vitor Rodrigues, este é um concelho que se afirma “pela modernidade, onde temos força do ponto de vista do empreendedorismo a partir das relações que temos com a Universidade do Porto e o sector empresarial. Por isso, estabalecer negócios tem sido uma tendência que nós temos sentido”.

E garante que “temos criado e insistido muito numa ideia que me parece cada vez mais evidente para os grandes municípios, e que passa por o presidente da Câmara ser uma espécie de ministro da economia local. Tem que ter uma função de intermediário na diplomacia económica, trazendo empresas para o seu concelho. Temos que apostar em sectores diferenciados e sem complexos. O comércio tem tanta importância como a indústria ou a agricultura. Temos muito orgulho em dizer que em Gaia há uma grande heterogeneidade em termos de negócios e que, de certa forma, isso tem sido importante para novos investimentos”.

E nos investimentos um sector que se tem destacado é o do turismo. “Os dados que temos sobre o turismo são absolutamente excepcionais. Temos que olhar para isto como uma oportunidade, mas com a cautela de quem não quer transformar a região num espaço de excessos. Em 2016 registou-se o maior número de visitas às caves do vinho do Porto [mais de um milhão de pessoas]. Há um potencial enorme nesta área, mas também existem desafios. Temos que diversificar o turismo e trazê-lo para outras áreas do concelho apostando, por exemplo, no turismo de natureza. Há muito a explorar e vamos fazer por isso. Estamos a fazer um investimento mais no interior e no futuro isso terá os seus efeitos, positivos, acreditamos”, esclarece Eduardo Vitor Rodrigues.

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A crescer culturalmente

Um sector onde Gaia se tem afirmado é o da cultura. Não só através do mais mediático Marés Vivas, mas de todo o tipo de outros eventos, desde o teatro à arte urbana. Para o presidente da Câmara Municipal, a aposta na cultura tem sido “crescentemente positiva. Foi criada uma ideia que as questões culturais eram com a cidade do Porto e nós estamos a tentar inverter isso. Começamos por requalificar infraestruturas e estamos a apostar nos espaços abertos, como o Jardim do Morro, procurando trazer novos públicos através não só de eventos musicais, mas também de outros mais expositivos, como a Bienal Internacional de Arte de Gaia. Estamos a revitalizar vários espaços e queremos tornar Gaia num polo cultural da região e reforçá-lo cada vez mais. Tem sido uma das nossas apostas e é para continuar futuramente”.

Quando questionado sobre como imagina Vila Nova de Gaia na próxima década, Eduardo Vitor Rodrigues confessa que “imagino um concelho onde as questões da coesão sejam prioritárias. Nós estamos num tempo em que vivemos muito da infraestruturação [que está consumado], mas temos que garantir que estejam em boas condições para serem usufruídas pelas pessoas e pelas instituições. Há que fazer de Gaia um espaço atractivo para quem nos visita. Acho que teremos uma cidade forte, com laços fortes e que se irá afirmar pela sua identidade. Uma cidade equilibrada entre o local e o global”.

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