Moscovici diz que Portugal poderá crescer mais de 2,5% este ano

Depois da reunião com Carlos Costa e antes de se encontrar com António Costa, o comissário europeu mostrou mais optimismo em relação a Portugal. E disse que estratégia para o mal-parado é “ambiciosa”.

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Daniel Rocha

De visita a Portugal, e depois de um encontro com o governador do Banco de Portugal, Pierre Moscovici mostrou estar agora mais optimista do que quando apresentou as suas últimas projecções para a economia portuguesa no passado mês de Maio.

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De visita a Portugal, e depois de um encontro com o governador do Banco de Portugal, Pierre Moscovici mostrou estar agora mais optimista do que quando apresentou as suas últimas projecções para a economia portuguesa no passado mês de Maio.

O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros diz agora que o crescimento económico em Portugal “poderá provavelmente ficar acima de 2,5% este ano”, um valor consideravelmente acima dos 1,8% que ainda são previstos por Bruxelas.

“Estou optimista e estou impressionado”, disse Mosscovici sobre a evolução da economia portuguesa numa conferência de imprensa em Lisboa, realizada imediatamente a seguir a um encontro com Carlos Costa e antes da reunião agendada logo a seguir com o primeiro-ministro António Costa. “O governador Carlos Costa confirmou-me a possibilidade de um crescimento bastante forte este ano e que nós esperamos que seja duradouro”, afirmou.

O comissário diz que o mais forte de crescimento da economia se deveu à evolução das exportações, destacou o papel do turismo e lembrou também que a economia da zona euro também está a crescer mais, “o que ajuda Portugal”. “A economia portuguesa é uma economia em que podemos confiar”, reiterou, afirmando no entanto que “os esforços têm de continuar” e que “o desafio agora é transformar esta recuperação num crescimento sustentável”.

Na frente orçamental, Moscovici elogiou os resultados alcançados e não quis deixar recomendações específicas para Portugal poder chegar à meta para o défice estrutural que é exigida pelas regras europeias e que não é atingida no orçamento. “Estamos a discutir com as autoridades portuguesas e estou optimista que estamos no caminho certo”, disse.

O comissário deixou claro contudo que não existe vontade em Bruxelas de realizar exigências muito rígidas a Portugal no capítulo orçamental. “Vamos usar a margem de interpretação de que dispomos. Nunca iremos defender medidas que sejam prejudiciais ao crescimento. A comissão está aqui para ajudar no crescimento e no emprego” disse, defendendo que, tendo em conta o que aconteceu entretanto, ficou provado que “teria sido uma loucura” punir Portugal e a Espanha com a suspensão de fundos europeus no ano passado.

No que diz respeito ao potencial impacto da capitalização da CGD no défice deste ano, Moscovici disse estar à espera das informações das autoridades estatísticas, mas garantiu que “a Comissão, quando decidiu a saída do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), não o fez de forma temporária, mas sim acreditando que a melhoria orçamental é duradoura”. “Portugal saiu do PDE, acredito, para não entrar outra vez”, disse.

Se na conferência de imprensa, Pierre Moscovici preferiu falar da retoma da economia portuguesa, o tema que terá dominado a conversa com o governador deverá ter sido a situação do sistema bancário e o problema do crédito mal parado. O comissário revelou que as conversas que teve com Carlos Costa sobre o assunto foram “detalhadas” e que saiu do encontro com “o sentimento de que a estratégia é ambiciosa e vai na direcção certa”.

A Comissão Europeia tem neste momento um mandato dos ministros das Finanças da União Europeia para apresentar uma solução europeia para o problema do mal parado. Moscovici preferiu não dar detalhes sobre como é que essa solução se pode ajustar ao plano português.