SIRESP diz que "esteve à altura" no incêndio de Pedrógão Grande

Relatório de desempenho rede de comunicações de emergência do Estado publicado no portal do Governo.

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O incêndio fez pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos Paulo Pimenta

A SIRESP, SA, empresa privada que gere a rede de comunicações de emergência do Estado, considera que a resposta que deu no grande incêndio de Pedrógão Grande “correspondeu e esteve à altura da complexidade do teatro das operações, assegurando as comunicações e a interoperabilidade das forças de emergência e segurança”. A informação consta do relatório de desempenho do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) no incêndio da semana passada, publicado nesta terça-feira no portal do Governo.

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A SIRESP, SA, empresa privada que gere a rede de comunicações de emergência do Estado, considera que a resposta que deu no grande incêndio de Pedrógão Grande “correspondeu e esteve à altura da complexidade do teatro das operações, assegurando as comunicações e a interoperabilidade das forças de emergência e segurança”. A informação consta do relatório de desempenho do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) no incêndio da semana passada, publicado nesta terça-feira no portal do Governo.

“Não houve interrupção no funcionamento da rede SIRESP, nem houve nenhuma Estação Base que tenha ficado fora de serviço em consequência do incêndio”, lê-se no relatório, o que contraria as informações já antes avançadas pela Autoridade Nacional de Protecção Civil, que davam conta de falhas graves ao nível da rede de comunicações dos operacionais que estavam no terreno.

Segundo o mesmo documento, o SIRESP processou mais de cem mil chamadas no período crítico do incêndio, das 19h de dia 17 às 9h de dia 18, através de 1092 terminais; e mais de um milhão e cem mil chamadas foram “processadas em cinco dias contados desde o início do incêndio, através de 3301 terminais”.

“Estes números demonstram que o desempenho da rede SIRESP correspondeu e esteve à altura da complexidade do teatro das operações, assegurando as comunicações e a interoperabilidade das forças de emergência e segurança”, conclui a empresa.

No relatório, o SIRESP diz, no entanto, que houve cinco estações que entraram “em modo local “em virtude da destruição pelo incêndio, dos cabos de fibra óptica e outros da rede de telecomunicações que asseguram contratualmente a interligação ao resto da rede”. Apesar desta destruição, a empresa sublinha  que “cada estação base garante a comunicação entre os operacionais no terreno na respectiva área de cobertura”, assegurados pela tecnologia TETRA, uma tecnologia que, assegura o SIRESP, “permite ainda que os operacionais comuniquem directamente entre si no designado modo directo (walkie-talkie”).

De acordo com o quadro do relatório, a primeira estação a entrar em modo “local” por estar destruída pelo fogo foi a de Pedrógão Grande, pelas 19h38. Depois a de Malhadas, pelas 20h26, seguida da de Pampilhosa da Serra também às 20h26, a da Serra da Lousã entrou às 20h32 e por fim a de Figueiró dos Vinhos entrou em modo local às 03h53 de sábado.

Durante o período em que estas estações entraram em "modo local", o relatório indica que houve estações de substituição (que assegruraram as comunicações na zona), que registaram dificuldades em despachar chamadas, aumentando, no período crítico do incêndio (entre às 19h de sábado e a manhã de domingo), o número de “busies” (termo técnico para indicar as comunicações que não foram possíveis de realizar à primeira tentativa).

Se no período inicial do incêndio, houve apenas 246 comunicações que não foram estabelecidas à primeira (144 na zona de Pedrógão Grande), no período mais crítico esse valor disparou para as 10.395 comunicações.

Este dado é relevante, uma vez que nesta altura (e não é possível escrutinar por hora uma vez que os dados estão englobados apenas das 19h de sábado às 9h de domingo) foi a altura em que mais comunicações ocorreram e foi também o período em que foram destruídas as cinco estações base, que passaram a operar em “modo local”. Os dados indicam que nesse período a estação mais saturada foi a da Serra do Cabeço do Pião, que fica em Castanheira de Pera. Só nessa estação, houve mais de 6.500 comunicações que não foram efectuadas à primeira. Diz o SIRESP que esta estação “foi aquela que mais chamadas processou e simultaneamente mais busies teve, porque atingiu a sua capacidade disponível”.

O relatório indica no entanto que houve situações na rede, embora, durante o dia 17, primeiro dia do incêndio, estas não tenham sido "significativas", particularmente até às 23h, contudo, não é indicado neste período quantas das chamadas não foram realizadas à primeira. "A saturação da Rede não foi originada por nenhuma falha da Rede, mas foi originada por uma procura de tráfego superior à capacidade disponível. O número excessivo de grupos de comunicações (talk-groups) envolvidos nas operações, que foi de 572, também poderá ter contribuído para a ocorrência de situações de saturação", defende o SIRESP.

De acordo com a informação do relatório, a estação móvel pedida para colmatar as falhas entrou em funcionamento no domingo às 9h32 da manhã.