Congresso pede notas das conversas entre Trump e o ex-director do FBI

Washington agita-se após a notícia de que Trump terá pedido a Comey o encerramento da investigação às ligações à Rússia.

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Trump terá pedido a Comey que desse por terminada uma investigação, uma semana antes de o demitir LUSA/SHAWN THEW

O presidente do Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes, o congressista republicano Jason Chaffetz, exigiu que o FBI entregue todos “os memorandos, notas, resumos e gravações" que detalhem conversas entre Donald Trump e o antigo director do FBI James Comey. O pedido foi partilhado integralmente na conta no Twitter daquela comissão do Congresso. Chaffetz sublinha que os documentos são necessários para perceber se o Presidente norte-americano tentou influenciar ou obstruir as investigações do FBI a possíveis ligações entre membros da campanha de Trump e o Governo russo.

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O presidente do Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes, o congressista republicano Jason Chaffetz, exigiu que o FBI entregue todos “os memorandos, notas, resumos e gravações" que detalhem conversas entre Donald Trump e o antigo director do FBI James Comey. O pedido foi partilhado integralmente na conta no Twitter daquela comissão do Congresso. Chaffetz sublinha que os documentos são necessários para perceber se o Presidente norte-americano tentou influenciar ou obstruir as investigações do FBI a possíveis ligações entre membros da campanha de Trump e o Governo russo.

A carta, dirigida ao director interino do FBI, Andrew McCabe, intima os serviços secretos dos EUA a apresentarem quaisquer registos relevantes no prazo de uma semana.

No Twitter, o congressista republicano deixa o aviso: “Tenho a minha caneta de intimação pronta". Uma exigência que uma porta-voz do republicano Paul Ryan, speaker e líder da maioria na Câmara dos Representantes, considera “apropriada", cita o The New York Times.

O pedido de Chaffetz segue-se à notícia daquele jornal de que Trump pediu em Fevereiro a James Comey, director do FBI que foi demitido na semana passada, que este desse por terminada a investigação ao antigo conselheiro para a Segurança Nacional Michael Flynn.

Trump enfrenta uma nova onda de contestação, mais uma ao cabo de várias controvérsias numa Presidência ainda curta. No entanto, a suspeita de um possível acto de obstrução à justiça reveste-se de especial gravidade, com várias vozes em Washington a considerar que pode haver matéria para um processo de destituição. 

“O país está a ser testado de uma forma sem precedentes", declarou na noite de terça-feira o senador democrata Chuck Schumer. “Digo a todos os meus colegas no Senado: a História está a observar-vos", disse. O também senador democrata Richard Blumenthal afirmou que o país assiste "a uma obstrução à investigação de um caso de justiça em tempo real".

À CNN, o senador independente do Maine, Angus King (que costuma votar ao lado do Partido Democrata), admitiu que, a provarem-se as suspeitas levantadas pela imprensa norte-americana, a abertura de um processo de destituição “está em cima da mesa".

As críticas chegam também do lado dos republicanos, para além de Chaffetz, ainda que num tom mais contido. Excepção feita ao senador John McCain, que declarou durante um jantar do partido na terça-feira que os escândalos que rodeiam a Administração Trump são agora “do tamanho e escala do Watergate", aludindo ao caso de Richard Nixon, quando este afastou um procurador especial que conduzia uma investigação ao então Presidente dos EUA. Nixon não chegou a ser destituído, preferindo demitir-se perante o processo de destituição.

“Já vimos este filme antes", comentou McCain, citado pela Associated Press, numa cerimónia de atribuição do prémio da Liberdade do Instituto Internacional Republicano. O senador republicano e antigo candidato presidencial disse ser necessário esclarecer urgentemente o caso: “[Trump] precisa de deixar tudo sair cá para fora. Quando mais adiar, mais irá durar [a discussão]."

No entanto, Trump ainda tem muitos aliados no Congresso. O senador republicano Lindsey Graham recusou “opinar" sobre  a notícia do The New York Times. “Ninguém me está a mostrar um crime", disse sobre as suspeitas levantadas e sobre os crescentes pedidos para a nomeação de um procurador especial e independente para liderar as investigações às possíveis ligações da equipa de Trump à Rússia.

Também na terça-feira foram conhecidos números de uma sondagem conduzida pelo Public Policy Polling que indica que 48% dos inquiridos defendem a destituição do Presidente – um valor superior aos que se opõem (41%), algo inédito na história das pesquisas realizadas pelo centro de sondagens. A mesma pesquisa aponta que 48% dos inquiridos opõem-se ao afastamento de Comey, apesar de 40% não aprovarem o desempenho do ex-director do FBI. Na Internet, cresce ainda o número de assinaturas numa petição dirigida ao Congresso norte-americano a pedir a abertura de um processo de destituição: há agora 854.635 nomes na lista.

Na História dos EUA, dois Presidentes enfrentaram processos de destituição: Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998. Em ambos os casos, os chefes de Estado foram ilibados pelo Senado. Nixon, recorrentemente referido quando se fala de impugnações do mandato presidencial, renunciou antes do julgamento político.

Para uma destituição acontecer, uma maioria simples da Câmara dos Representantes (a câmara baixa do Congresso) deve aprovar um documento previamente validado pelo Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes. Uma acusação segue então para o Senado, onde é necessária uma maioria de dois terços para condenar o Presidente e removê-lo da Casa Branca. E foi no Senado que Johnson e Clinton foram absolvidos. Actualmente, e pelo menos até às eleições intercalares de Novembro de 2018, ambas as câmaras do Congresso são dominadas pelos republicanos.