Dias da Dança: o festival que põe três cidades a dançar

O festival DDD – Dias da Dança regressa dia 27 com uma segunda edição reforçada: dura agora 17 dias e vai mostrar 35 espectáculos, muitos deles em estreia absoluta ou nacional, como BiT, de Maguy Marin, Nicht Schlafen, de Alain Platel, ou Celui qui Tombe, de Yoann Bourgeois.

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BiT, de Maguy Marin HERVE DEROO

Após o sucesso da primeira edição em 2016, o festival DDD – Dias da Dança, um projecto pioneiro de colaboração entre as autarquias do Porto, Matosinhos e V. N. Gaia, dá um salto significativo nesta sua segunda edição, que arranca a 27 de Abril e se prolonga por 17 dias, até 13 de Maio, levando 35 espectáculos, num total de 57 apresentações, a diversos espaços desta frente atlântica do Grande Porto.

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Após o sucesso da primeira edição em 2016, o festival DDD – Dias da Dança, um projecto pioneiro de colaboração entre as autarquias do Porto, Matosinhos e V. N. Gaia, dá um salto significativo nesta sua segunda edição, que arranca a 27 de Abril e se prolonga por 17 dias, até 13 de Maio, levando 35 espectáculos, num total de 57 apresentações, a diversos espaços desta frente atlântica do Grande Porto.

O regresso ao Porto da veterana coreógrafa e bailarina francesa Maguy Marin – que mostrará no Rivoli o seu mais recente espectáculo, BiT –, a estreia nacional de Muros, de Né Barros, no Teatro Nacional São João (TNSJ), e a apresentação de Terça-feira: Tudo o que é sólido dissolve-se no ar, de Cláudia Dias, segundo momento do seu projecto Sete Anos Sete Peças, são alguns dos principais momentos do primeiro fim-de-semana do festival, cuja programação foi apresentada esta quinta-feira pelo seu coordenador, Tiago Guedes, director artístico do Rivoli Teatro Municipal.

Dispondo de um orçamento de 434 mil euros (um aumento significativo face aos 253 mil investidos na edição inaugural), este segundo DDD tem uma forte presença internacional, com estreias nacionais de espectáculos como Tordre, do francês Rachid Ouramdane, Nicht Schlafen [Não Dormir], do belga Alain Platel, Higher, do italiano Michele Rizzo, ou Celui qui Tombe, de Yoann Bourgeois, mas pretende também funcionar como uma montra da dança contemporânea portuguesa à atenção dos programadores internacionais.

Com o seu centro de operações no Rivoli, mas envolvendo mais de uma dezena de espaços e uma extensa lista de co-produtores – o TNSJ, Serralves, o Coliseu do Porto, a Mala Voadora, o Balleteatro, o Teatro Constantino Nery, em Matosinhos, e o Armazém 22, em Gaia –, o Dias da Dança reforçou também a sua componente formativa, oferecendo este ano um extenso conjunto de masterclasses e workshops – agrupados no programa DDD Extra –, que Tiago Guedes considerou essencial para “criar comunidade” e “dar textura” ao festival.

Outro programa complementar que se reforça nesta edição é o DDD Out, que parte de um projecto do Balleteatro e que se propõe levar a jardins, praças e edifícios públicos das três cidades coreografias pensadas para esses locais.

Após o fim-de-semana de abertura, que inclui ainda a apresentação de Faits et Gestes, da jovem coreógrafa francesa Noé Soulier, no Teatro do Bolhão, o programa prossegue nos primeiros dias de Maio com espectáculos como Glimpse – 5 Room Puzzle, de Tânia Carvalho (no Auditório Campo Alegre), ou o programa Curtas de Dança, com os vencedores de um concurso lançado pelo Armazém 22, que desafiou jovens artistas a criar peças com uma duração máxima de dez minutos, que tanto podem ser interpretadas ao vivo como produzidas e mostradas em formato de vídeo.

Na segunda etapa do festival, a partir do fim-de-semana que se inicia a 5 de Maio, destaque para as estreias nacionais de Tordre, de Rachid Ouramdane, e de Higher, de Michelle Riso, uma coreografia inspirada nas danças de discoteca, mas também para A Perna Esquerda de Tchaikovski, uma coreografia que o actual director artístico do Teatro D. Maria II, Tiago Rodrigues, criou para a bailarina Barbora Hruskova, e que terá apresentações no TNSJ e no Constantino Nery. Hoje com 42 anos, Hruskova, que foi uma das bailarinas principais da Companha Nacional de Bailado, já deixou o palco, mas a peça de Tiago Rodrigues, com música tocada ao vivo pelo pianista Mário Laginha, é justamente sobre as marcas que uma vida dedicada à dança foi deixando no corpo da bailarina.

Nicht Schlafen, de Alain Platel, que mergulha na música e na vida de Gustav Mahler (no TNSJ), ou Autointitulado, de João dos Santos Martins e Cyriaque Villemaux (em Serralves) são algumas das propostas para os derradeiros Dias da Dança de 2017, antes de o festival fechar sob o signo da vertigem, com a estreia de O Poço, de Jonathan Uliel Saldanha – uma peça que recupera a experiência dos poços da morte das feiras populares e que o público irá poder ver a partir de cima, instalado nas varandas técnicas da caixa de palco do auditório principal do Rivoli –, e o espectáculo de encerramento, no Coliseu, Celui qui Tombe, de Yoann Bourgeois, que põe seis bailarinos a dançar em cima de uma plataforma suspensa que se inclina, roda, sobe e desce, pondo à prova toda a sua agilidade.

Mas um festival também se faz nos intervalos, de modo que o Rivoli está a ultimar as obras de renovação do seu café para o reabrir a tempo de ser o meeting point do DDD, o sítio onde toda a gente se cruza para conversar ou beber um copo, e que à noite funcionará como discoteca, com festas animadas por DJ.