O que Galamba queria dizer com: "Marcelo está tão implicado como Centeno"

Para o deputado socialista, o Presidente da República pode ser acusado da "mesma coisa" que Mário Centeno e o comunicado do chefe de Estado "é inaceitável à luz dos poderes presidenciais".

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Enric Vives-Rubio

João Galamba explicou melhor o que queria dizer quando acusou Marcelo Rebelo de Sousa de estar “profundamente implicado” no caso da Caixa Geral de Depósitos, a propósito da negociação das condições de contratação de António Domingues. "Tudo aquilo de que é acusado Mário Centeno pode Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República português, ser, ipsis verbis, acusado exactamente da mesma coisa”, havia afirmado João Galamba no programa Sem Moderação, do Canal Q e da TSF.

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João Galamba explicou melhor o que queria dizer quando acusou Marcelo Rebelo de Sousa de estar “profundamente implicado” no caso da Caixa Geral de Depósitos, a propósito da negociação das condições de contratação de António Domingues. "Tudo aquilo de que é acusado Mário Centeno pode Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República português, ser, ipsis verbis, acusado exactamente da mesma coisa”, havia afirmado João Galamba no programa Sem Moderação, do Canal Q e da TSF.

Ao PÚBLICO o deputado faz a leitura das suas próprias palavras: “O que eu disse foi que a polémica era em torno de nada, que era uma fabricação política e, por isso, nem o senhor ministro das Finanças, nem o Presidente estão implicados em nada. Se há quem ache que há implicação do senhor ministro – que não é a minha interpretação –, então têm de ter consciência que é extensível ao senhor Presidente.”

João Galamba acrescentou que as declarações foram proferidas em nome pessoal e não na condição de porta-voz do PS.

No comentário do Canal Q e da TSF, Galamba dizia ainda: “O que ele tentou fazer, na segunda-feira, político hábil como é, foi tentar demarcar-se disto e tentar desresponsabilizar-se de algo que também é responsabilidade sua.” “Ou os argumentos do Governo são que não era preciso isso [a referência no decreto-lei à entrega das declarações de rendimento], porque a lei de 83 era válida e Marcelo Rebelo de Sousa concordou, ou os argumentos do Governo eram que era fundamental não entregar [as declarações ao Tribunal Constitucional] e que o Presidente da República não poderia incluir isso na promulgação", analisa o socialista.  

Galamba considera que o Presidente da República "concordou num sentido ou concordou noutro", e, seja qual tiver sido a sua posição, terá sido "sempre a mesma que Mário Centeno". "Portanto de tudo aquilo que se acusar Mário Centeno acusar-se-á também Marcelo Rebelo de Sousa, porque fez exactamente o mesmo", vincou, passando por cima da responsabilidade do primeiro-ministro neste processo.

Já na segunda parte do programa Daniel Oliveira também critica Marcelo Rebelo de Sousa pela nota publicada na segunda-feira à noite, em que afirma que "aceita" a manutenção de Mário Centeno "por estrito interesse nacional". Para o ex-bloquista, o ministro das Finanças manteve-se, porque assim o entendeu o primeiro-ministro. É que "o Presidente da República não demite ministros, não decide quem fica", afirmou, considerando que a nota serviu para Marcelo "se safar a si próprio".

João Galamba aproveitou a deixa para voltar às críticas ao chefe de Estado: "O Daniel Oliveira tem razão, isto foi uma malandrice do Presidente da República. O Presidente esteve mal, está profundamente implicado nisto, as consequências políticas são também dele, que tentou sacudir a água do capote." E rematou o porta-voz do PS: "Aquele comunicado é inaceitável à luz da Constituição e dos poderes presidenciais."

Quanto às responsabilidades do Governo, o socialista apenas admite que "o ministro Mário Centeno e a sua equipa foram ineptos politicamente a gerir tudo isto”.

"Não há nenhuma negociação com uma pessoa chamada António Domingues. Há um problema chamado Caixa Geral de Depósitos no qual António Domingues e a sua equipa tinham uma percepção maximalista do que é que era necessário, o que é que queriam, para garantir uma recapitalização pública sem ajuda do Estado e as Finanças tinham uma visão minimalista."

“Reconheço, e é esse para mim o significado do erro de percepção mútuo, que Mário Centeno e António Domingues estavam convencidos que o alcance daquela alteração legislativa que foi feita também incluía as declarações de rendimento e património”, considera. E "se estavam ambos convencidos e depois não se constata, é problema de António Domingues, porque não há nenhuma quebra de acordo", acrescentou. com Leonete Botelho