Um edifício a serpentear discretamente na paisagem

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A aproximação a São João da Pesqueira aconteceu já no início do milénio, quando o arquitecto António Carvalho ganhou um concurso público para a ampliação do cemitério local. A partir daí, outros projectos apareceram na vila do distrito de Viseu: o miradouro de Frei Estevão, pensado para "tirar proveito das vistas sobre o Douro Vinhateiro", a piscina e a mata municipal, em co-autoria com o arquitecto Gonçalo Byrne, e mais recentemente o lar residencial e centro de actividades ocupacionais de São João da Pesqueira. António Carvalho adoptou a pedra de xisto (já usada na piscina) como a matéria por excelência. "A região é de xisto, é o material usado pelos agricultores para os muros de suporte. Fazia todo o sentido que fosse assim", justificou ao P3 o arquitecto nascido em Braga e crescido na Guarda. A opção garantiu a "dissimulação" do edifício na paisagem, tornando-o "o mais natural e discreto possível". Visto de cima, nas fotografias de João Morgado, o edifício parece serpentear na paisagem, é na verdade um dois em um: um lar residencial para pessoas com deficiência e um centro de actividades ocupacionais aberto à comunidade. "A minha opção foi agregar, dando-lhes uma configuração como se fosse um só." Desta forma, os espaços podem funcionar de forma autónoma ou agregados. Assumindo a inclinação do terreno, o arquitecto fez um projecto quase todo com apenas um piso e "arriscou" um telhado de água única, composto por única superfície plana inclinada.