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Quarto Escuro: 30 minutos com elas numa casa-de-banho

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São três mulheres, cada uma delas disposta a dar-nos 30 minutos do seu tempo. 30 minutos no privado de uma casa-de-banho da discoteca Lux-Frágil, em Lisboa, em que o espaço mínimo convida à criação de uma intimidade com uma contagem decrescente em andamento. Ao fim de meia-hora tudo acabou, e o que quer que tenha acontecido é provável que nunca passe para lá daquelas quatro paredes. Quarto Escuro, a performance dirigida por Mónica Calle e posta em marcha pela própria, por Mónica Garnel e Inês Vaz em sessões simultâneas, quintas e sextas-feiras até 16 de Dezembro, é uma nova investida num terreno propositadamente ambíguo em que a actriz e encenadora gosta de reincidir. Não é claro qual o lugar do espectador, qual a fronteira entre ficção e realidade, quais as regras do jogo em que se aceita entrar. Num cubículo em que o espaço rouba qualquer tentativa de criar distância entre actriz e espectador, o lugar do teatro não é o das convenções. O único lugar em que o público, um de cada vez, se poderá verdadeiramente sentar será sobre a sanita. Mas é na partilha, de um café, uma fatia de bolo, das palavras e na proximidade entre os corpos, que Quarto Escuro existe. As luzes apagam-se, a dado momento, e tudo fica como que a coberto dessa súbita escuridão. Os limites não estão escritos nem são claros. E é também disso que vive Quarto Escuro. As actrizes têm um guião mais ou menos comum, com espaço para alguns desvios e adaptação a cada situação. Mas o guião do espectador está em branco. Cada um terá de o preencher e improvisar ao sabor do momento e perceber, depois, a que caminhos a intimidade em que se viu metido o acabaram por levar. Gonçalo Frota