Rebeldes sírios pedem cessar-fogo e retirada de civis de Alepo

Apelo feito num comunicado na mesma altura em que grupos armados deixam as últimas áreas que controlavam na Cidade Velha.

Foto
Mais de cem mil pessoas continuam nas zonas cercadas pelos combates Abdalrhman Ismail/Reuters

A perder terreno a cada dia que passa, os rebeldes sírios cercados em Alepo emitiram um comunicado em que pedem um cessar-fogo temporário e a retirada da cidade de centenas de feridos, bem como de todos os civis que queiram deixar as zonas controladas pela oposição.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A perder terreno a cada dia que passa, os rebeldes sírios cercados em Alepo emitiram um comunicado em que pedem um cessar-fogo temporário e a retirada da cidade de centenas de feridos, bem como de todos os civis que queiram deixar as zonas controladas pela oposição.

A tomada de posição surge na mesma altura em que se sabe que os rebeldes deixaram as últimas áreas que controlavam há quatro anos na Cidade Velha de Alepo – declarada património da humanidade – após um dia de intensos combates. É o último de uma série de recuos e derrotas iniciadas a 26 de Novembro, quando o Exército sírio, apoiado por milícias xiitas vindas do Irão e Iraque, entrou na metade oriental da cidade, que a oposição controlava desde o Verão de 2012. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, a rebelião perdeu já 75% da área que controlava antes do início da ofensiva.

No comunicado divulgado esta quarta-feira, o Conselho da Liderança de Alepo, que reúne todos os grupos armados presentes em Alepo, propõe um "cessar-fogo humanitário de cinco dias", a entrar em vigor de imediato, e a retirada da cidade de cerca de 500 doentes e feridos, sob protecção das Nações Unidas.

A “iniciativa humanitária” defende ainda que todos os civis que queiram deixar as zonas cercadas sejam autorizados a partir para outras localidades na província de Alepo – milhares de pessoas deixaram a área nos últimos dias, mas calcula-se que entre 100 a 200 mil civis continuem nas zonas cercadas. Até agora, os rebeldes e civis retirados de zonas que se renderam foram levados para a vizinha província de Idlib, em poder de uma aliança de islamistas e jihadistas, mas os combatentes de Alepo insistem que a zona, fortemente bombardeada nas últimas semanas, deixou de ser segura.

Um responsável da oposição, que falou à Reuters a partir da Turquia, adianta que a proposta foi enviada a todas as partes internacionais envolvidas no conflito, mas até ao momento não foi recebida qualquer resposta. Na segunda-feira, a China e a Rússia vetaram uma proposta de resolução que propunha um cessar-fogo na região para permitir o envio de ajuda humanitária, alegando que a iniciativa era “hipócrita” e visava apenas permitir que a rebelião se reorganizasse.