Abater o passivo, a última batalha de Vieira

Segundo as contas consolidadas, o fardo que a SAD do Benfica carrega é de 455,5 milhões de euros. E tem vindo quase sempre a subir.

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Miguel Manso

É uma discussão recorrente e uma arma de arremesso dos rivais de cada vez que o tema é finanças. O passivo do Benfica, item que a direcção do clube tem tentado colocar sempre em perspectiva ao longo dos anos, foi assumido por Luís Filipe Vieira como um dos alvos para o novo mandato. O objectivo não está quantificado – pelo menos no discurso público –, mas passa por reduzir o montante do fardo financeiro que os “encarnados” carregam e que actualmente se situa nos 455,5 milhões de euros. 

Vieira nunca gostou de discutir números por números e tem feito questão de enquadrar o valor do passivo no contexto do activo total da SAD (476,4 milhões), mas a verdade é que a lógica de investimento dos últimos anos tem feito disparar a factura que, mais cedo ou mais tarde, recairá sobre os cofres da Luz. "Temos a consciência do difícil trabalho que ainda necessitamos de fazer para diminuir o nosso passivo, não descurando a ambição e a natureza do nosso clube: lutar sempre pela vitória e honrar a nossa história", alertou o presidente do Benfica, na apresentação oficial da recandidatura.

Esse tem sido o mote da actual e das anteriores direcções, durante o consulado de Luís Filipe Vieira: privilegiar a componente investimento com o intuito de, a prazo, ir colhendo os frutos da Academia do Seixal e ir reduzindo essa alínea do orçamento. O exercício mais recente traduz uma melhoria evidente no capital próprio (passou de 0,6 para 20,9 milhões) mas reforça a tendência de subida, tanto do activo como do passivo, invertendo a lógica do ano anterior (redução de 449 para 430 milhões no passivo). 

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Os primeiros anos de mandato do actual presidente, que tomou posse em 2003, foram marcados pela necessidade de recapitalização e pelo investimento em infra-estruturas (com os custos do novo Estádio da Luz e da Academia do Seixal à cabeça), mas o momento em que o passivo disparou de forma flagrante foi em 2009, subindo de 178,6 para 379,6 milhões de euros. Um acréscimo propulsionado essencialmente pelos empréstimos contraídos, que saltaram de 17,5 para 126,5 milhões nesse exercício, fruto da integração da Benfica Estádio no perímetro de consolidação do grupo.

Levando em linha de conta os 13 relatórios anuais que correspondem à liderança de Vieira, contam-se quatro anos de capitais próprios negativos (2013 foi o ano mais pesado, com 23,8 milhões de euros no vermelho) e nove de balanço positivo, tendo o exercício de maior folga ocorrido em 2007, quando a SAD registou 27 milhões de capitais próprios. Agora, a julgar pelas palavras do dirigente, que já em Dezembro de 2015 anunciava uma mudança de estratégia, o rumo será claro: "É chegado o tempo de pagar o passivo do clube, de o recuperar para os seus sócios. Poder dizer que o clube voltou a ser nosso, que vai poder livrar-se da sua dependência do sistema financeiro, é algo que me enche de orgulho". 

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