Rússia e Síria comprometem-se a cessar-fogo de oito horas em Alepo na quinta-feira

Declaração conjunta dos 28 ministros dos Negócios Estrangeiros da UE condena ataques e avisa que podem configurar "crimes de guerra".

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Federica Mogherini está em Luxemburgo para um encontro com governantes europeus AFP/JOHN THYS

Durante oito horas, na próxima quinta-feira, as bombas deixarão de cair em Alepo, entre as 8h e as 16h locais. Foi esse o compromisso assumido esta segunda-feira pelas forças armadas russa e síria, que recusaram, no entanto, um cessar-fogo mais prolongado alegando que isso permitiria aos rebeldes que ainda estão na cidade reagruparem-se e "reorganizarem a sua capacidade de defesa militar".

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Durante oito horas, na próxima quinta-feira, as bombas deixarão de cair em Alepo, entre as 8h e as 16h locais. Foi esse o compromisso assumido esta segunda-feira pelas forças armadas russa e síria, que recusaram, no entanto, um cessar-fogo mais prolongado alegando que isso permitiria aos rebeldes que ainda estão na cidade reagruparem-se e "reorganizarem a sua capacidade de defesa militar".

Esta pausa nos ataques aéreos servirá, "em primeiro lugar e sobretudo, para que os civis possam deslocar-se à vontade, para a evacuação dos doentes e feridos, e também para a saída dos rebeldes", avisou, a partir de Moscovo, o ministro da Defesa russo, Serguei Choigu.

Para esta decisão da Rússia terá contribuído a pressão dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28 países da União Europeia (UE), que se reuniram esta segunda-feira no Luxemburgo para discutir a situação em Alepo, na Síria. Do encontro saiu uma declaração em que a União Europeia condena os ataques aéreos levados a cabo pela aviação russa e pelas forças leais ao regime sírio de Bashar al-Assad contra a zona de Alepo controlada pelos rebeldes, dizendo que têm atingido deliberadamente hospitais e pessoal médico.

"Desde o início da ofensiva pelo regime [de Bashar al-Assad] e pelos seus aliados, nomeadamente a Rússia, a intensidade e a escalada dos bombardeamentos aéreos na zona oriental de Alepo são claramente desproporcionadas", lê-se na declaração conjunta dos 28 governos da UE. "Os ataques deliberados a hospitais, pessoal médico, escolas e outras infra-estruturas essenciais, assim como o uso de bombas de barril, bombas de fragmentação e armas químicas... podem ser considerados crimes de guerra", avisam ainda os ministros dos Negócios Estrangeiros reunidos no Luxemburgo.

Embora considere "positiva" esta pausa nos bombardeamentos, o porta-voz da ONU avisa que não é suficiente para fazer chegar os camiões com ajuda humanitária aos habitantes da área da cidade ocupada pelos rebeldes. "Qualquer pausa nas hostilidades é positiva para a população (...) mas nós precisamos de mais tempo para colocar na estrada a máquina humanitária", afirmou Stéphane Dujarric recordando que a organização reclama janelas de pelo menos 48 horas. 

De acordo com a alta representante da UE para a Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, não estão, por enquanto, a ser consideradas sanções contra a Rússia, aliada de Bashar al-Assad, cita a AFP. “Foi um tema bastante discutido na comunicação social, mas não nas nossas reuniões”, sublinhou a representante europeia. Não obstante, não descarta novas sanções contra o regime sírio.

Durante a manhã desta segunda-feira, 14 membros da mesma família morreram num ataque aéreo, em Alepo.

A lista de mortos publicada pelos Capacetes Brancos inclui várias crianças, entre as quais dois bebés com menos de dois meses e outras seis crianças com menos de oito anos. De acordo com esta organização não-governamental de protecção civil, os aviões que lideraram o ataque eram russos.

Os militares russos e sírios insistem que apenas atacam outros militares, mas só no último mês já morreram pelo menos 448 pessoas, entre os quais 82 crianças, detalha o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

Notícia actualizada às 18h com a declaração conjunta dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE e a posição da ONU.