Loja instalada em prédio da Metro Mondego encerra por falta de receitas

Toldos instalados pela autarquia no edifício fizeram cair actividade comercial, diz a fundação proprietária

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O espaço, localizado num dos edifícios que vai ser intervencionado para que por ali possa passar a Via Central, é cedido pela SMM desde Julho de 2013 Adriano Miranda

A loja do Parque Biológico da Serra da Lousã, na Baixa de Coimbra, encerrou ao fim de três anos depois de o toldo que a Câmara Municipal de Coimbra instalou no edifício lhe ter retirado visibilidade, informa a dona do estabelecimento.

A loja, a funcionar num espaço da Sociedade Metro Mondego, obteve receitas médias de 180 euros nos meses de Julho e Agosto, o que acaba por inviabilizar a “sustentabilidade” do espaço, refere a Fundação Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional numa nota enviada aos jornalistas.

O espaço, localizado num dos edifícios que vai ser intervencionado para que por ali possa passar a Via Central, é cedido pela SMM desde Julho de 2013 sem que a fundação tenha de pagar renda.

Em Maio, quando a abertura da Via Central nos terrenos por onde passaria o Metro Mondego era ainda matéria de discussão política, a fundação permitiu ao movimento Cidadãos por Coimbra montar num espaço daquela loja a exposição intitulada “Via Central, Destruir Património ou Regenerar Espaço Urbano?”. A mostra pretendia “mostrar em que consistia o programa do arquitecto Goçalo Byrne” para aquela zona, uma vez que esse tinha sido um dos pontos referidos numa reunião do executivo camarário.

Segundo o comunicado da fundação liderada por Jaime Ramos, que já foi governador civil de Coimbra e deputado à Assembleia da República pelo PSD, a SMM terá então questionado então a ADFP sobre o direito de esta “permitir a utilização do espaço ao movimento de cidadãos”.

A Metro Mondego, cujo maior accionista é o Estado, é também participada pelos municípios da Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra. A fundação menciona ainda que o autarca de Coimbra, o socialista Manuel Machado, se insurgiu contra a “cedência” do espaço.

Em Maio, o jornal regional Campeão das Províncias dava conta de que o presidente do município não teria ficado agradado com a cedência do espaço ao movimento, tendo-se mesmo deslocado à loja. 

Pouco mais de um mês depois, no final de Junho, a autarquia instalou toldos nos edifícios que vão ser alvo de intervenção para a abertura da Via Central, já com a ilustração do resultado das obras. A projecção acabou limitar a visibilidade da loja que vende artesanato e produtos regionais da Serra da Lousã e quem quiser entrar tem que passar por baixo dos andaimes. “Desde então as vendas reduziram drasticamente, inviabilizando a sustentabilidade deste projeto social e a não prossecução dos objectivos propostos”, esclarece a ADFP. Assim, “como consequência” de não poder “garantir os objetivos mínimos de sustentabilidade”, a decisão foi de encerrar o estabelecimento, esclarece a ADFP.

O movimento Cidadãos por Coimbra (CpC), que tem um vereador eleito sem pelouro atribuído, tinha já emitido um comunicado sobre o que considera ser uma “retaliação contra o Parque Biológico da Serra da Lousã”. A meio de Agosto, o texto do CpC denunciava o “acesso bloqueado” e referia que “não há praticamente ninguém que agora lá entre”, apontando ainda para a falta de receitas da loja. O movimento exigia a “reposição urgente de condições de acesso dignas”. O acesso não foi alterado desde então.

“Com o debate sobre a Avenida Central, entre o Sr. Presidente da Câmara e o Movimento Cidadãos por Coimbra, a rua da Sofia ganhou uma tela, fechou uma loja e a democracia da cidade sai mais pobre”, refere a fundação no texto enviado às redacções.

O PÚBLICO contactou a CMC, mas até agora não foi possível obter resposta. A loja do Parque Biológico da Serra da Lousã, uma das duas da fundação, encerra na quarta-feira.

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