A natação e o ciclismo rebocaram os recordes no Rio

Foram 19 os máximos mundiais ultrapassados no Brasil e 65 os melhores registos olímpicos superados. O atletismo contribuiu mais em qualidade do que ?em quantidade para este registo.

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Katie Ledecky foi uma das figuras dos Jogos François-Xavier Marit/AFP

 Rio de Janeiro ajudou a reforçar o estatuto de Michael Phelps e Usain Bolt, dois dos maiores atletas olímpicos de sempre, mas os nomes do nadador norte-americano e do velocista jamaicano não irão constar do livro de recordes estabelecidos nos Jogos das XXXI Olimpíadas. Ao longo dos 19 dias da competição e das 306 provas que atribuíram medalhas, foram batidos 19 recordes do mundo e 65 olímpicos, com destaque para a natação, atletismo e ciclismo. Katie Ledecky, Katinka Hosszú, Adam Peaty, Almaz Ayana e Wayde van Niekerk cometeram as principais proezas.

O primeiro recorde do mundo a cair no Rio de Janeiro aconteceu ainda antes de Michel Temer ser vaiado e Gisele Bündchen desfilar no Maracanã, na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016. Bicampeão mundial individual e por equipas e líder da hierarquia mundial, o sul-coreano Kim Woo-jin estabeleceu um novo máximo na disciplina de tiro com arco a 70 metros, ao alcançar a marca de 700 pontos, superando por um ponto o anterior recorde, estabelecido quatro anos antes pelo seu compatriota Im Dong-Hyun, nos Jogos Olímpicos de Londres.

No dia seguinte, com as primeiras braçadas no Estádio Aquático Olímpico, a piscina no Rio de Janeiro mostrou-se “amiga” de recordes. Em oito dias de competição na natação foram estabelecidos 24 recordes olímpicos e sete máximos mundiais, números similares aos de Londres 2012, embora muito aquém dos registados em Pequim 2008, competição que contou com um descomunal registo de 91 recordes (63 olímpicos e 28 mundiais) justificados pelos super-fatos X-Glide e Jaked 01 que, enquanto foram permitidos pela Federação Internacional de Natação, originaram 126 máximos mundiais.

Sem o “doping” do poliuretano, no Brasil, apesar de os holofotes estarem quase todos virados para as braçadas de Phelps, a estrela foi uma jovem norte-americana que em Londres, com apenas 15 anos, já tinha conquistado o primeiro lugar nos 800 metros livres. Com cinco medalhas de ouro alcançadas no Mundial de Natação de Kazan, na Rússia, disputado há um ano, Katie Ledecky chegou ao Rio de Janeiro com o estatuto de favorita nas provas em que ia participar, mas a nadadora de Washington DC superou as expectativas. Com uns Jogos Olímpicos de sonho, aos 19 anos Ledecky ganhou cinco medalhas (quatro ouros e uma prata) e arrasou o recorde do mundo dos 800 metros livres: o registo de 8m06s68 foi melhorado para 8m04s79, mas, desde que bateu o primeiro recorde na distância, Katie Ledecky já baixou a marca em quase 10 segundos.

Oito anos mais velha, a húngara Katinka Hosszú, conhecida como a “dama de ferro”, apesar de deter os títulos mundiais de 200 e 400 metros estilos, ainda não tinha no currículo qualquer medalha olímpica, mas mostrou-se insuperável no Estádio Aquático Olímpico. Com uma prova em que nadou sempre à frente dos parciais do recorde mundial, a magiar, de 27 anos, conquistou a primeira medalha olímpica na sua quarta participação, retirando mais de dois segundos ao anterior máximo, que pertencia à chinesa Ye Shiwen, desde Londres 2012.

Nos homens, foi um inglês que esteve evidência. Aos 21 anos, Adam Peaty bateu o recorde do mundo dos 100 metros bruços por duas vezes no Rio de Janeiro. Após tornar-se, em Abril do ano passado, no primeiro nadador a terminar a prova abaixo dos 58 segundos (57,92s), Peaty começou por fazer 57,55 segundos nas eliminatórias, conseguindo no dia seguinte a medalha de ouro nos 100 metros bruços com o tempo canhão de 57,13 segundos.

No atletismo não houve recorde para Bolt, mas registaram-se três novos máximos mundiais, dois deles surpreendentes. O primeiro aconteceu logo no primeiro dia de competição. Campeã mundial dos 5000m, a etíope Almaz Ayana fez cair nos 10.000m uma marca com 23 anos por uma margem impressionante: a anterior melhor marca da dupla légua que pertencia à chinesa Wang Junxia (29m31,78s) foi superada por quase 15 segundos (29m17,45s).

Se o tempo de Ayana foi inopinado, a proeza alcançada pelo sul-africano Wayde van Niekerk deixou o mundo do desporto boquiaberto. No terceiro dia do atletismo, o terceiro título olímpico de Bolt nos 100m acabou na sombra do fim de um recorde de uma lenda. Contra todas as expectativas, van Niekerk venceu a prova dos 400m masculinos com o fantástico tempo de 43,03s, que superou a marca alcançada por Michael Johnson a 26 de Agosto de 1999, durante os campeonatos mundiais de Sevilha.

Menos mediático, foi o novo máximo no lançamento do martelo. Anita Wlodarczyk, que já detinha a anterior melhor marca mundial (81,08m), conseguiu no Rio de Janeiro superar esse valor em mais de um metro: 82,29m.

Beneficiando das excelentes condições encontradas no Velódromo do Rio foram batidos sete recordes mundiais no ciclismo de pista. Com Bradley Wiggins, a equipa masculina da Grã-Bretanha melhorou o seu recorde do mundo na perseguição, ao percorrer os quatro quilómetros em 3.50,570 minutos, proeza que foi conseguida também pela formação feminina: Katie Archibald, Elinor Barker, Joanna Rowsell-Shand e Laura Trott, a primeira mulher britânica que conquistou três ouros Olímpicos, bateu o recorde mundial da prova por duas vezes no Brasil.

O outro desporto que coleccionou recordes foi o halterofilismo, com sete marcas mundiais superadas e dois iranianos a brilharem. Behdad Salimikordasiabi, campeão na categoria acima de 105kg, bateu o recorde no arranque ao levantar 216kg, enquanto Kianoush Rostami, no levantamento de peso na categoria até 85kg, conseguiu sustentar, no total, 396kg, marca nunca antes atingida.

 

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