“As pessoas no Porto participaram porque há uma nova esperança à solta”

Milhares de pessoas juntaram-se à manifestação integrada nas comemorações do 25 de Abril, onde se viam muitos cravos vermelhos.

Foto
A contestação ao Acordo Ortográfico também esteve presente na manifestação no Porto Nelson Garrido

A manifestação do 25 de Abril no Porto, que se fez de muitos cravos vermelhos, marcou o regresso das pessoas à rua, porque “há uma nova esperança à solta”. Os portuenses deixaram cair muitas das palavras de ordem usadas contra o anterior Governo e elegeram novos slogans que simbolizam “um tempo novo”. “A Constituição é nossa, não é do capital”, gritavam, vezes sem conta, ao mesmo tempo que diziam que Abril é um mundo novo, porque essa é a vontade do povo.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A manifestação do 25 de Abril no Porto, que se fez de muitos cravos vermelhos, marcou o regresso das pessoas à rua, porque “há uma nova esperança à solta”. Os portuenses deixaram cair muitas das palavras de ordem usadas contra o anterior Governo e elegeram novos slogans que simbolizam “um tempo novo”. “A Constituição é nossa, não é do capital”, gritavam, vezes sem conta, ao mesmo tempo que diziam que Abril é um mundo novo, porque essa é a vontade do povo.

Uma homenagem aos resistentes antifascistas junto às antigas instalações da PIDE, na freguesia do Bonfim, antecedeu o desfile, que se perdia de vista. Uma grande tarja que dizia "Pelo Futuro, Retomar Abril!" abria a manifestação, de onde saíam palavras de ordem que simbolizavam uma nova esperança. "Abril de novo, com a força do povo".

Desta vez, os manifestantes foram incansáveis. As palavras de ordem proferidas pareciam ter sido previamente ensaiadas, e as bandeiras que as pessoas transportavam agitavam-se ao som dos slogans. Uma bandeira da paz, em tons de azul e branco, sobressaía naquele mar de cor.

Ao longo das ruas e do percurso, havia muita gente. ”Desta vez há mesmo muita gente”, ouvia-se. A eurodeputada Marisa Matias (BE), que seguia mais atrás, comentava que a adesão das pessoas tem a ver com a “alegria que têm de lutar”. “É maravilhoso!”, acrescentou. “As pessoas recuperaram o sentido de decidirem sobre as suas vidas, e é essa alegria que as traz para a rua”, disse a eurodeputada ao PÚBLICO, enquanto segurava uma tarja escrita em inglês onde se lia "A Europa precisa de mais cravos". A seu lado, seguiam representantes de vários países do Partido da Esquerda Europeia (PEE), que este fim-de-semana esteve reunido no Porto.

De cravo vermelho na orelha, Marisa Matias destacava a “nova narrativa” deste 25 de Abril, mas sublinhava que “há ainda muitas coisas ainda para conquistar no domínio dos direitos, das liberdades, da saúde, da educação”.

Os apoiantes de Luaty Beirão juntaram-se também à manifestação, exibindo fotografias do activista angolano actualmente preso. Também a Associação Projecto Criar esteve presente, com um grande cartaz alusivo a um tema muito mediático: "Pelas mulheres e crianças vítimas de violência".

A manifestação terminou na Avenida dos Aliados, onde um palco montado aguardava a actuação da banda pop-rock Virgem Suta (de Beja), que a organização (Câmara do Porto e União de Sindicatos do Porto) convidou. Junto ao palco, João Torres, da CGTP-IN, mostrava-se satisfeito pela “grande participação da cidade”. “Esta mobilização tem a ver com o ar que agora se respira, que é diferente. Há uma confiança maior, há uma nova esperança à solta, que faz com que as pessoas participem”, dizia o sindicalista.