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No Natal da CAIS, os dias maus não entram
A música vinda do primeiro andar faz-se ouvir mal a porta do rés-do-chão se abre. É Natal na sede portuense da CAIS e isso significa portas fechadas aos dias maus. E escancaradas à música, daquela que faz a união e, de repente, põe todos a cantar numa só voz, a bater palmas, a mexer o corpo como quem afasta a tristeza. Na associação de solidariedade social, preparou-se o dia ao pormenor. E antes dos (vários) números musicais e de um momento de poesia protagonizado pela actriz Micaela Cardoso, interpretando o que João Villaret declamou noutros tempos, foi preciso preparar as utentes para a festa — que é como quem diz: fazer penteados, tratar das unhas, ver maquilhagem fazer maravilhas. E nos rostos dos utentes, sentiu-se um antes e um depois dos pincéis de Joana Magano e das mãos de Etelvina Teixeira e Maria João Campelo (cabeleireiras) e Isabel Soares (esteticista). Agora sim, a festa pode começar: na sala onde habitualmente os utentes têm computadores com acesso à internet, um palco improvisado. Depois da abertura musical da dupla Versus, Nuno Sanches arrancou sorrisos e deixou mensagens para quem quis ouvir, o quinteto de "Aquilo que vocês quiserem" impressionou com arranjos e novas versões de melodias de bandas sonoras de filmes e com a Disney pelo meio, e o colectivo de percussões tradicionais Retimbrar (que mais do que um grupo musical se define como um movimento) foi aquilo que tão bem sabe ser: um momento de liberdade. Da plateia, saíram aplausos. Sorriu-se. E de lá se levantaram depois os corajosos que na última semana ergueram o "coro da CAIS Porto", ensaiado pelos voluntários Clara Martins e José Sinde (de quem o P3 já contou a história). A canção original — música e letra — que deram a conhecer foi construída em actividades de escrita criativa. Afinados e desafinados, falaram sobre esperança e gratidão, sobre amizade e mudança. E foram aplaudidos de pé ao repetir o refrão: "Quando nos sentimos juntos/ Não estamos sozinhos!". Como um utente comentou com o P3 em tom surdina: "A CAIS é isto, estamos todos no mesmo barco e tentamos aguentar juntos." M.C.P.