As estrelas graúdas e a chuva miudinha dos Beach House

Fotogaleria

Foi a noite do fantasma do "misterioso e antigo" Teatro Sá da Bandeira, foi a noite do "discurso mais longo" — de Victoria Legrand — e a noite da sua voz mais rouca. "Somos uma caravana cigana e a minha voz está cada vez mais baixa". "After midnight we could feel it all", sussurrava enquanto levitava, voz de chuva miudinha, voz de trovoada. Os Beach House despediram-se da Europa no Porto perante uma plateia adulta e permeável a uma "violência lenta, romântica, desconfortável e por vezes também doce", uma fusão de "Depression Cherry" com "Thank Your Lucky Stars", os falsos álbuns gémeos da banda. Envolta num espectro de silhuetas — como num genérico de Bond, James Bond —, licença para matar, Victoria, que toca piano, fala francês e tinge as canções que escreve, bateu na mesma tecla (como Dustin Wong, bicho carpinteiro que acompanhou a band nesta digressão). Os Beach House adoram bater na mesma tecla. "It won't last forever/ Or maybe it will". Lá fora não sabemos. Cá dentro, o céu já está estrelado, parece eterno. Os fantasmas aceitaram convite de Alex Scally e vieram brindar (até os fantasmas do Bataclan, que obrigaram a revista policial à entrada). "There's no mystery at all". Eles são mais punk quando querem. Eles são mais livro pop-up, histórias recortadas, quando querem. "It's a strange paradise/ You'll be waiting". LOC

Dustin Wong
Dustin Wong
Dustin Wong
Dustin Wong