Actuação da protecção civil em Albufeira foi "ad hoc"

"O que se viu foi uma população entregue à natureza”, criticou José Manuel Mendes, coordenador do Observatório do Risco.

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De acordo com o coordenador do observatório, as populações deveriam estar informadas e preparadas para uma situação do género da que aconteceu no domingo Filipe Farinha

O coordenador do Observatório do Risco (OSIRIS) da Universidade de Coimbra, José Manuel Mendes, afirmou esta sexta-feira que a actuação da protecção civil em Albufeira foi "ad hoc", evidenciando falta de gestão de risco e de conhecimento do território. "O que se viu foi uma ausência de actuação da protecção civil", em que a actuação preventiva "foi nula, durante o evento fraca e na recuperação foi muito 'ad hoc' e sem qualquer estratégia", disse à agência Lusa José Manuel Mendes, a propósito das chuvas intensas que atingiram o Algarve no domingo.

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O coordenador do Observatório do Risco (OSIRIS) da Universidade de Coimbra, José Manuel Mendes, afirmou esta sexta-feira que a actuação da protecção civil em Albufeira foi "ad hoc", evidenciando falta de gestão de risco e de conhecimento do território. "O que se viu foi uma ausência de actuação da protecção civil", em que a actuação preventiva "foi nula, durante o evento fraca e na recuperação foi muito 'ad hoc' e sem qualquer estratégia", disse à agência Lusa José Manuel Mendes, a propósito das chuvas intensas que atingiram o Algarve no domingo.

Albufeira foi o caso mais problemático, levando à retirada de pessoas de habitações e estabelecimentos comerciais inundados. Segundo o coordenador do OSIRIS, os problemas não se podem cingir ao ordenamento do território. "Foi feita uma opção de desenvolvimento do turismo e aumento da carga urbana. No entanto, não se vê nada para a mitigação dessas opções", constatou, considerando que durante a autuação da protecção civil ficou evidente em Albufeira que "não há gestão de risco, nem conhecimento do território".

Para o especialista, o município deveria "ter um bom conhecimento da vulnerabilidade física e social do concelho e ter um plano consequente para actuar", recordando que os planos de emergência municipais "são feitos quase fotocópias uns dos outros". A necessidade de cartografia das vulnerabilidades e perceber quais as freguesias ou zonas com maior risco seria fundamental, apontou, frisando que a culpa não se pode centrar nas alterações climáticas e no ordenamento do território. "O ordenamento é uma opção, mas tem de se ter consciência que essas opções têm consequências e que necessitam de uma gestão do risco", sublinhou.

De acordo com o coordenador do observatório, as populações deveriam estar informadas de que estão em zonas de risco e preparadas para uma situação do género da que aconteceu no domingo. "O que se viu foi uma população entregue à natureza. Com uma gestão integrada do risco não se viam as imagens que se viram - de pessoas entregues ao seu destino. Isto é muito mau para a segurança das populações e para a confiança que depositam nas instituições", constatou. "O ordenamento foi feito sem lógica de gestão de risco, sem lógica de mitigação do desenvolvimento urbano. Assim não há milagres", concluiu.