Negociações à esquerda à espera de "avanços decisivos"

Os três partidos estão a entrar numa nova fase das suas conversas. Com o PCP terminou o debate sobre os nove pontos que Jerónimo de Sousa apresentou. PS e BE estão confiantes numa aproximação programática

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Antonio Costa e Jerónimo de Sousa reuniram-se no dia 7 Nuno Ferreira Santos

O PS pediu ao Bloco de Esquerda para adiar a reunião entre os dois partidos, marcada para a tarde desta segunda-feira. Segundo fontes de ambos os partidos, o adiamento não se deveu "a nenhum problema". Os socialistas têm estado a trabalhar, desde a última reunião, na sexta-feira, num documento que aproxime as posições defendidas pelos dois partidos, e alegam que precisam de mais tempo para apresentar uma proposta que consagre "avanços decisivos" na negociação.

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O PS pediu ao Bloco de Esquerda para adiar a reunião entre os dois partidos, marcada para a tarde desta segunda-feira. Segundo fontes de ambos os partidos, o adiamento não se deveu "a nenhum problema". Os socialistas têm estado a trabalhar, desde a última reunião, na sexta-feira, num documento que aproxime as posições defendidas pelos dois partidos, e alegam que precisam de mais tempo para apresentar uma proposta que consagre "avanços decisivos" na negociação.

Tanto o PS como o BE se mostram confiantes que um acordo pode estar à vista. Mas esse é apenas um dos passos necessários, embora não suficientes, para fechar a negociação. Qualquer acordo "técnico" alcançado à mesa das negociações terá de ser ratificado pelos partidos - cujas direcções receberam apenas um mandato para negociar - e será depois debatido num encontro de cúpulas, como o que deu início a este processo, entre os líderes de cada uma das formações.

Quando se voltarem a encontrar, PS e BE podem estar perto de chegar a um compromisso programático. Mas várias fontes deste processo acreditam que, depois da ronda de audições que o Presidente da República inicia esta terça-feira e da tomada de posse do novo Parlamento, o tempo começará a encurtar.

O que significa que estes encontros entre o PS, o PCP e o BE, na versão "negocial", poderão concluir-se até sexta-feira. Seja qual for o desfecho que venham a ditar.

Para António Costa avançar com um "alternativa" de Governo, como já afirmou o líder socialista, precisa de obter um acordo com ambos os partidos à sua esquerda. O PCP e o BE, isoladamente, não chegam para garantir ao PS a maioria dos votos no novo Parlamento.

Na manhã de segunda-feira, conforme previsto, PS e PCP reuniram-se no Parlamento, para mais uma ronda de negociações "técnicas" com vista a um acordo à esquerda que viabilize um Governo liderado por António Costa. Aí, ambos concluíram a etapa inicial desta negociação: passar em revista cada um dos nove pontos negociais apresentados pelo PCP, e afirmados por Jerónimo de Sousa, logo na primeira reunião entre os dois partidos, há quase duas semanas.

Como a formulação das propostas do PCP era sobretudo política, este foi um processo demorado. Para se ter uma ideia, uma das propostas do PCP é "uma política fiscal justa". Para esgotar este ponto foi necessário debater todas as propostas sobre fiscalidade feitas pelo PCP no seu programa, identificar aquelas sobre as quais nenhum acordo seria possível e depois fazer o mesmo com o programa do PS.

Além de apresentar os seus nove pontos, o PCP identificou também as propostas do programa do PS que considera insusceptíveis de qualquer aceitação. Tendo concluído o debate político, as duas delegações procurarão agora encontrar uma forma de passar a uma negociação mais concreta. As duas equipas voltarão a encontra-se, de novo, esta terça-feira.

Até à data, desde que no dia 7 António Costa visitou Jerónimo de Sousa na sede do PCP na Rua Soeiro Pereira Gomes, o PS já se reuniu quatro vezes com o PCP e três com o BE. Comunistas e Bloco falaram entre si uma vez. Isto, é claro, além de alguns contactos discretos mantidos entre os três líderes ao longo dos últimos dias.