Cerca de 300 pessoas juntam-se em Lisboa pela defesa dos animais

Deputado do PAN quer conferir direitos mínimos aos animais.

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Rita Silva, presidente da Associação Animal Rui Gaudêncio/Arquivo

Cerca de 300 pessoas juntaram-se neste sábado, em Lisboa, pela defesa dos direitos dos animais, numa iniciativa organizada pela associação Animal, que quer o termo do financiamento das touradas pelo Estado e o fim dos animais nos circos.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da associação Animal, Rita Silva, explicou que esta é uma iniciativa organizada anualmente, que tem como grande objectivo mostrar que a defesa dos direitos dos animais não é uma causa menor.

O mau tempo não demoveu quem hoje quis manifestar-se pelos direitos dos animais, e foi debaixo de chuva que Rita Silva apontou que aquelas centenas de pessoas estavam ali para reivindicar os direitos dos que não se podem representar a si próprios.

De acordo com a responsável, um dos propósitos da Animal é conseguir que o Estado deixe de financiar os espectáculos de tauromaquia, com os quais gasta cerca de 16 milhões de euros anualmente.

“É um símbolo tão forte, tão forte, da forma como nós ainda mal tratamos e ainda por cima pagamos esse mau trato a animais e de forma completamente legal, que no dia em que essa indústria caia, muitas outras formas de maus tratos cairão atrás, como efeito dominó”, defendeu Rita Silva.

Opinião partilhada pelo deputado do partido PAN (Pessoas–Animais-Natureza) eleito por Lisboa para a Assembleia da República, André Silva, para quem as pessoas têm o direito cultural de se divertirem, mas não à custa do sofrimento dos animais.

“Nós estamos na linha da frente pela abolição da tauromaquia, que ainda só não terminou porque está a ser alimentada pelo Estado, pelo Governo e pelas autarquias com muitos milhões de euros”, apontou André Silva.

Acrescentou que os portugueses têm que perceber que as touradas não são apenas uma questão cultural, são também “uma questão que lhes mexe nos bolsos, que mexe com o dinheiro dos contribuintes”.

Em declarações à Lusa, André Silva aproveitou para salientar que o principal problema em relação aos animais é o facto de eles não terem direitos e de serem vistos pelo direito português como coisas, algo que o PAN pretende ver alterado.

“Queremos promover os animais a um outro género, a um ‘tertium genus’ [terceiro tipo], no fundo para trazer os animais para o guarda-chuva da lei e conferir-lhes assim direitos mínimos, dignidade mínima, bem-estar e felicidade e poderem expressar os seus comportamentos naturais e poder-se criminalizar todos os que perpetram crimes contra os animais”, defendeu, acrescentando que um dos problemas da actual lei tem a ver com o abandono e com o facto de ele só ser criminalizado se desse abandono resultar maus tratos para o animal.

A iniciativa de hoje da Animal, que juntou algumas centenas de pessoas junto à Praça de Touros do Campo Pequeno, trouxe defensores dos animais de várias idades e de vários pontos do país, como é o caso de João Ferreira, vindo de Portimão, no Algarve, e para quem os principais problemas são os circos ou as touradas.

Já para Catarina Nascimento, também de Portimão, o mau tempo não foi argumento para faltar: “Acho que ainda vamos fazer uma afirmação maior e dizer que as pessoas não vão deixar de lutar por aquilo em que acreditam”.

Luís Ribeiro, voluntário da SOS Animal, também entende que as várias pessoas que foram à manifestação, apesar do dia de chuva, mostram que a sociedade está cada vez mais sensível para o tema dos direitos dos animais.

As várias pessoas partiram depois, a pé, em direcção à Assembleia da República.

Entre outras iniciativas, a Animal vai aproveitar para apresentar uma campanha de sensibilização, que pretende levar às escolas do primeiro ciclo da Grande Lisboa e do Grande Porto, chamada “Tu e os outros animais”.

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