Levar o protesto até ao voto para dar “banhada” ao Governo

Jerónimo tem-se concentrado na questão da Segurança Social para capitalizar o voto dos reformados, mas na última semana de campanha vai atacar a dívida e o mercado laboral.

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Nuno Ferreira Santos

O Porto é de boa memória, onde há uma semana Jerónimo teve um autêntico banho de multidão numa arruada que o levou da Batalha até São Bento – a estação de comboios da Invicta, não a residência do primeiro-ministro, em Lisboa. Mais notada foi a sua ausência da marcha de Lisboa, entre a Praça da Figueira e o Coliseu dos Recreios, onde foi substituído por Rita Rato e Heloísa Apolónia – esta última terá uma participação mais activa na campanha. Os desacatos envolvendo skinheads e apoiantes da CDU depois do comício na Baixa lisboeta e ainda o rescaldo dos casos de alegadas agressões na festa do Avante! surgiram numa má altura para a campanha.

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O Porto é de boa memória, onde há uma semana Jerónimo teve um autêntico banho de multidão numa arruada que o levou da Batalha até São Bento – a estação de comboios da Invicta, não a residência do primeiro-ministro, em Lisboa. Mais notada foi a sua ausência da marcha de Lisboa, entre a Praça da Figueira e o Coliseu dos Recreios, onde foi substituído por Rita Rato e Heloísa Apolónia – esta última terá uma participação mais activa na campanha. Os desacatos envolvendo skinheads e apoiantes da CDU depois do comício na Baixa lisboeta e ainda o rescaldo dos casos de alegadas agressões na festa do Avante! surgiram numa má altura para a campanha.

A marcha deste sábado a partir do Alfeite também não contará com Jerónimo, sem que tenha sido dada nenhum explicação para a ausência nesta acção emblemática de campanha. Em comparação com eleições anteriores, a agenda do líder da CDU está mais reduzida e concentrada na tarde e noite. São poucas as arruadas – mas nas que faz continua a ter calorosa recepção –, e a coligação PCP/Verdes prefere comícios em locais fechados, embora sempre cheios.

Só na última semana de campanha o ritmo aumenta, com uma média de três eventos por dia. Anteontem à noite, Jerónimo delineou a estratégia em Serpa: “‘Bagarinho’ não entra agora nesta fase da campanha. É preciso dar força, dinâmica, participação, contacto, nos dias que faltam.” Na campanha, o Alentejo, antigo bastião comunista, foi pouco visitado: um dia no distrito de Beja, domingo passa por Évora, mas Portalegre foi deixado para os Verdes.

Mais do que as críticas à coligação de direita, o PS tem sido o grande alvo de Jerónimo, que desconstrói as propostas socialistas para mostrar que as diferenças em relação a PSD e CDS são mínimas. Embora goste de recusar a ideia de dar a mão ao PS, Jerónimo também deixa a porta aberta, dizendo que tudo depende do que os socialistas estiverem dispostos a abdicar – na renegociação da dívida, na Segurança Social e na regulação do mercado de trabalho. Ou seja, há uma porta entreaberta porque Jerónimo sabe que pode vir a ter uma palavra decisiva consoante os resultados de dia 4.

Beja foi o melhor exemplo do público-alvo da CDU na semana que passou: colocou nas mãos dos reformados e pensionistas a responsabilidade de derrotar o Governo pelo voto. A esta faixa etária tem feito um forte apelo ao voto alicerçado nas críticas demolidoras às propostas que PSD/CDS e PS apresentam de manter congelamento de pensões.

As sondagens “não são indiferentes” à CDU, mas são olhadas como um “ruído” por darem resultados opostos e por isso desvalorizadas. Vasco Cardoso, da comissão política nacional, afirma que o eixo estratégico da campanha tem sido mantido: abordar os problemas do país e das pessoas de forma directa.

Na semana que agora entra, o discurso estará mais virado para a salvaguarda da produção nacional, a renegociação da dívida, a recuperação de salários e direitos dos trabalhadores. Serão os últimos cartuchos para confirmar a “profunda convicção” que existe na máquina da campanha da CDU de que o Governo vai ter uma “pesada derrota e ficará em minoria” no Parlamento. “Vai levar uma banhada”, diz Vasco Cardoso. Falta saber se PCP e Verdes ajudarão a limpar a água do chão na noite de dia 4.

Balanço da primeira semana de campanha
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