Uma arruada a cada sete horas na recta final da campanha

Depois de uma semana na estrada, o PS vai aumentar a média de arruadas por dia, lançar nomes fora da esfera do PS para dentro da campanha, recuperar o ex-presidente Jorge Sampaio em Lisboa e terminar em Almada.

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Miguel Madeira
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Segunda-feira, António Costa sentar-se-á numa cervejaria em Lisboa com actores, músicos e outros artistas para mais uma acção de campanha. Para lá do apoio do universo artístico, é outra a mensagem política que a campanha socialista vai tentar passar com essa iniciativa. Na Portugália estarão, estarão lado a lado os actores Nicolau Breyner e Maria do Céu Guerra. A particularidade destes dois nomes tem que ver com o campo político de onde vêem. Breyner já foi candidato pelo CDS. Guerra andou pela esquerda mais extrema. E assim, quer-se mostrar António Costa como a última hipótese para a “larga maioria que não quer mais a coligação de direita”, explica o director de campanha, Duarte Cordeiro.

Ao longo da próxima semana, o PS vai apostar quase tudo na “concentração do voto no PS”. Através de iniciativas como esta, mas não só. Os socialistas tencionam ir juntando à campanha nomes de personalidades de outros campos políticos que não o de Costa. “Vamos querer mostrar que não é apenas o PS que está aqui”, resumiu o vereador em Lisboa. Essa será uma novidade para a caravana socialista.

Na primeira semana da campanha, António Costa esforçou-se por mostrar um PS unido. Muitos dos ilustres apoiantes da anterior direcção subiram aos palcos que a caravana foi montando pelo país: Brilhante Dias, Manuel Machado, Álvaro Beleza foram o exemplo disso. Não significa isso, no entanto, que o PS não recorra aos seus pesos pesados. Jorge Sampaio está confirmado para o tradicional almoço na Trindade. O ex-comissário europeu António Vitorino, o ex-ministro Jorge Coelho, e o ex-candidato à liderança interna Francisco Assis também vão participar na campanha.

Ao mesmo tempo, o PS tenciona aumentar significativamente o número de arruadas. Só neste fim-de-semana que começa, realizarão sete pelo Norte. O que resulta numa frenética média de uma acção de rua a cada sete horas.

É precisamente com estes dois ingredientes que o PS tenciona captar os indecisos e abstencionistas que estão são voto definido. “A bipolarização é determinante, é importante a concentração de votos no PS”, resume Cordeiro.

Esse esforço será feito, entretanto, “nos distritos com  maior peso eleitoral” e onde o PS antecipa “um potencial de ganho enorme”. Depois de ter passado pelo interior e Alentejo, Costa vai andar esta semana por Lisboa, Porto, Setúbal e Braga. Um empenho que Cordeiro antecipa que venha ter, por exemplo, em Braga, como resultado, a eleição de “mais dois deputados”.

A tracking poll do PÚBLICO indicia que o PS parece ter muito terreno a recuperar. Partindo da simulação por regiões, apenas no Alentejo os socialistas surgem à frente da Coligação Portugal à Frente nas intenções de voto. Na mais recente, o PS está a 8 pontos percentuais de distância no Norte. No Centro do país está a 5. E Em Lisboa tem menos 2% que a união do PSD e CDS.

A historicamente esquerdista cintura vermelha de Lisboa será outra aposta de final de campanha socialista. O último comício da campanha, na sexta-feira à noite, realizar-se-á em Almada.

Será aí que vai culminar o aumento dos decibéis da campanha. O tom dos discursos de Costa vai subir com a certeza do apelo ao voto útil para garantir a derrota do Governo de direita. “O discurso vai ser mais firme no que diz respeito ao combate”, vaticina Cordeiro.

Os temas, garante Cordeiro manter-se-ão os mesmos. Entre estes, Costa continuará a denunciar o risco da emigração para os mais jovens e a garantia das pensões para os idosos. Mas, a julgar pela tracking poll do PÚBLICO, parece que vai ter de fazer qualquer coisa de diferente, especialmente, para a faixa etária com mais de 55 anos. Entre estes, o PS permanece 3 pontos percentuais atrás da coligação. E entre os jovens tem uma vantagem escassa de ponto e meio.

Pelo meio, os socialistas vão tentando ignorar sondagens e barómetros que mostram números pouco favoráveis. Confrontados, a maioria dos dirigentes socialistas, como João Galamba ou Pedro Nuno Santos, recorre ao mesmo chavão: “Não é isso que me diz o terreno.” Mas reconhecem que “nunca é positivo estar atrás nas sondagens”. Entretanto vão esperando pelas simulações de voto em urna, que acreditam serem mais “fidedignas” da intenção de voto dos portugueses.

Balanço da primeira semana de campanha
*Coligação PSD/CDS quer reconquistar eleitorado tradicional com “afecto”
*PCP: Levar o protesto até ao voto para dar “banhada” ao Governo
*Mensagem contra austeridade aproxima BE de pessoas de todas as idades

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