Irão e Israel de acordo: Barenboim não pode tocar em Teerão

O maestro queria dar um concerto em Teerão com a Orquestra Estatal de Berlim. Irão não autorizou por Barenboim ter nacionalidade israelita.

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Em 2008, Barenboim tornou-se na primeira pessoa a ter simultaneamente um passaporte israelita e um passaporte palestiniano CRISTINA QUICLER/AFP

Também a Orquestra Estatal de Berlim (Staatskapelle) anunciou recentemente que estava em negociações com o Irão para dar um concerto naquele país com o seu director e maestro Daniel Barenboim. “O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, assumiu o patrocínio deste concerto e aplaude a dedicação de Daniel Barenboim em tornar a música acessível às pessoas, para lá de quaisquer fronteiras nacionais, religiosas ou étnicas”, disse a Orquestra Estatal de Berlim num comunicado.

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Também a Orquestra Estatal de Berlim (Staatskapelle) anunciou recentemente que estava em negociações com o Irão para dar um concerto naquele país com o seu director e maestro Daniel Barenboim. “O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, assumiu o patrocínio deste concerto e aplaude a dedicação de Daniel Barenboim em tornar a música acessível às pessoas, para lá de quaisquer fronteiras nacionais, religiosas ou étnicas”, disse a Orquestra Estatal de Berlim num comunicado.

Teriam as coisas mudado ao ponto de um israelita poder dirigir um concerto no Irão – que não reconhece Israel como um país legítimo e proíbe os seus cidadãos de viajarem para o Estado judaico, sob pena de serem punidos com prisão?

A resposta chegou na sexta-feira: as autoridades iranianas fizeram saber que não autorizavam o concerto por causa da cidadania israelita de Barenboim, 72 anos. “O Irão não reconhece o regime sionista e não vai colaborar com nenhum artista desse regime”, afirmou um porta-voz do Ministério da Cultura iraniano citado pela agência alemã DPA.

Nascido em Buenos Aires, na Argentina, neto de judeus russos, Barenboim mudou-se com a família para Israel quando tinha nove anos e já era um pianista virtuoso, tocando em Viena e Roma. Em 2008, tornou-se na primeira pessoa a ter simultaneamente um passaporte israelita e um passaporte palestiniano. Através do seu trabalho, o director tem-se dedicado à aproximação entre os dois lados do conflito; em 1999 co-fundou com o intelectual palestiniano Edward Saïd a Orquestra Divan Oriente-Ocidente, que junta jovens músicos árabes e israelitas e à qual foi atribuído o Prémio Calouste Gulbenkian em 2012.

Não é só o Irão que se opõe à visita de Barenboim. A ministra da Cultura de Israel, Miri Regev, membro da ala conservadora do Likud, acusou o maestro de “promover uma frente anti-Israel” na sua página do Facebook. Regev, que em Junho ameaçou retirar apoios aos artistas que “difamem o Estado de Israel”, escreveu ainda que Barenboim “faz questão de dar pancada em Israel usando a cultura como uma alavanca para as suas ideias políticas anti-israelitas”, e acusou o Irão de promover o terrorismo. Israel opõe-se ao acordo nuclear assinado com Irão em Junho.