Trabalhar menos. Trabalhar melhor

A energia dos cidadãos, das comunidades ou dos países não pode ser empregue apenas no crescimento económico, mas na capacidade em distribuir equitativamente a riqueza, o saber, o trabalho, o lazer e o tempo. E isso é slow movement.

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Desafiar a cultura da velocidade, da acumulação, do frenesim, da quantidade sobre a qualidade. Não para tentar impor o seu contrário, mas para repor equilíbrio nas diferentes áreas da vida. O movimento slow ambiciona proteger um bem escasso que é transversal a tudo o que fazemos — o tempo —, interrogando-se sobre como o gerimos e o que fazemos dele. Não se trata de recusar as tecnologias, as conquistas do bem-estar ou aspectos positivos da globalização, mas de os tornar aliados no objectivo da sustentabilidade. Não se trata de fazer a apologia da lentidão ou de encarar o trabalho de maneira negativa, mas sim de enaltecer o revigoramento que pode surgir quando se vive segundo um modelo em que se sabe quando é necessário abrandar ou acelerar, não deixando que o desacelerar se torne estagnação, nem que a hiperactividade se torne obsessão.

O tempo tornou-se a unidade de medida de tudo, até do espaço. Já não falamos de distâncias quilométricas, mas de tempo de viagem: três horas de voo. Duas de comboio. Quatro de carro.

As teorizações acerca do tempo e do ritmo são recorrentes ao longo da história. Mas na última década, em parte por reacção ao culto da rapidez, a procura do tempo justo tem sido revalorizada.

Os diferentes movimentos slow surgidos nos últimos anos — slow cities, slow food, slow design, slow travel, slow thinking e tantos outros — direccionam a sua abordagem para áreas específicas, mas no fim de contas todos alertam para a necessidade de abrandamento do mundo moderno, não para regressarmos a formas pré-modernas, mas para reconfigurarmos o presente.

A questão é como desacelerar num contexto contemporâneo que nos impele exactamente para o contrário. Um ambiente onde a produtividade ainda é associada a trabalhar muito e não racionalmente, onde ter sucesso ainda é sinónimo de acumular, ou onde a satisfação é tantas vezes confundida com consumir. 

“Há uns anos, em férias, simplesmente não conseguia desligar-me do trabalho, passava o tempo ao telemóvel”, ri-se Maria Andrade, advogada de 43 anos, que se viu obrigada a reduzir o ritmo de trabalho depois de ter apanhado um valente susto de saúde.

“Às tantas fui avisada por mais de um médico de que tinha de parar”, confessa, recordando a sua relação com o trabalho: “Inventava, inclusive, desculpas para mim própria para não tirar férias, era como se não soubesse o que fazer com elas, como se fossem uma perda de tempo. Vivia apenas e só para o trabalho.”

O seu caso é extremo. Abrandar, mais do que opção, foi um imperativo. O facto de ter uma situação desafogada do ponto de vista material permitiu-lhe parar durante um ano e reflectir. Quando regressou ao escritório de advogados, renegociou o contrato de trabalho. Passou a auferir um vencimento menor, em troca de laborar menos horas e de ser ela a controlar o seu tempo. No início não foi fácil, “porque estamos inseridos no colectivo e alguns colegas não percebiam a situação de excepção que eu representava”.

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nuno ferreira santos

Hoje diz que a situação se normalizou e não está arrependida. Apesar de se saber uma privilegiada, “porque nem todas as pessoas se podem dar ao luxo de ver o seu ordenado reduzido”. Maria Andrade ganhou outras coisas. “Antes era uma mulher ansiosa com trabalho. Agora sou mais construtiva e produtiva e também com mais tempo para mim, para os que me rodeiam e para tudo aquilo que fui adiando ao longo dos anos — da natação à pintura. Não tenho qualquer dúvida de que abrandar me tornou mais eficiente, produtiva e realizada.”

A relação com o trabalho no mundo ocidental já passou pelas mais diversas mutações. Na Grécia Antiga nem sempre foi tido em grande conta. O Renascimento recuperou-o e elegeu como um dos seus heróis o mestre artesão. Mas foi com a Revolução Industrial que o trabalho passou a ser celebrado como o grande motor da transformação do mundo.

No relatório de Julho deste ano da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal surgia no 12.º lugar dos chamados países industrializados onde mais horas se trabalha — apesar de a instituição advertir que as comparações entre países podem ser enviesadas. Por cada dia útil, em média, um português trabalha sete horas e vinte minutos. Na Europa são os gregos quem mais horas trabalha (oito horas diárias), enquanto os alemães, por exemplo, se ficam pelas cinco e meia.

Recentemente, o laboratório de políticas públicas da Suécia fez saber que, até ao final do ano, está a proceder a um teste. Metade dos funcionários públicos da cidade de Gotemburgo trabalha seis horas por dia e a outra metade oito. A experiência pretende provar se é possível ser mais eficiente, dedicado, criativo e comprometido, trabalhando menos.

Em França, onde estão implementadas as 35 horas semanais (em contraste com as 40 portuguesas), os defensores e detractores da lei apresentam argumentos diferentes. Os que a contestam dizem que a produtividade baixou. Os que a defendem afirmam que não só não baixou, como a educação, a cultura, o desporto, o lazer ou as ocupações que envolvem participação cívica passaram a ser mais valorizados, ao mesmo tempo que as grandes companhias puderam negociar com os trabalhadores formas mais flexíveis de operar.

No movimento slow defende-se que menos horas de trabalho acaba por contribuir para a maior valorização dos bens não materiais. Dessa forma não se concorre tanto para o possível esgotamento do planeta, ao mesmo tempo que se contribui para o enriquecimento individual, e para a vida salutar em comunidade, ao contrário da corrida à reposição de bens, que é uma das principais razões pelas quais se trabalha mais na actualidade.

Trabalhar menos é apenas um dos elementos defendidos pelo movimento slow. O outro é poder negociar, sempre que tal se revele praticável, quando e onde se trabalha. Ou seja, deter um maior controlo sobre o tempo que se trabalha. Uma prática difícil de encaixar numa cultura onde ainda se é julgado mais pelas horas que se passam a trabalhar do que pelos resultados que se alcançam.

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daniel rocha

Claro que existem já muitas excepções. No Canadá, por exemplo, há inúmeros casos de autonomia temporal dos trabalhadores. É o que acontece com o Royal Bank of Canada, que concluiu que “quando têm controlo sobre o tempo de trabalho, os funcionários ficam mais calmos e são muito mais eficientes, e, por outro lado, o abrandamento é fulcral ao nível dos planeamentos estratégicos, das relações humanas e do pensamento criativo”.

O escritor e filósofo suíço radicado em Inglaterra Alain de Botton é um dos que acham que hoje “as pessoas trabalham mais do que alguma vez aconteceu”, diz-nos por email. “Nas sociedades ocidentais contemporâneas temos a sensação de que vivemos na era do lazer e das viagens, mas é bem capaz de não ser assim”, afirma.

“Na Idade Média, a maior parte das pessoas trabalhava até ter o que precisava para sobreviver e depois parava para desfrutar do que conseguira. Na era industrial começaram a surgir as jornadas regulares de trabalho. E hoje vivemos obcecados em ter uma vida produtiva, trabalhar muito, de forma quase incessante. É preciso não generalizar, mas todos conhecemos quem trabalhe em ambientes altamente competitivos e que, aos domingos à tarde, está com o pensamento no escritório.”

Na sua opinião, o ritmo desenfreado contribuiu para que, quando paramos, não saibamos como usufruir desses momentos. Talvez não seja um acaso que alguns especialistas da área das relações familiares proclamem que, nas férias, tendem a aumentar as separações entre casais e a agudizar-se os conflitos entre pais e filhos. Os níveis de ansiedade sobem para quem está habituado a determinadas rotinas. É difícil aceitar a preguiça. Aquela que é desejada, claro. Aquela que, sem nenhum desejo para ser realizada, permite o repouso ao corpo e à mente.

Uma vida verdadeiramente produtiva só era possível com muitos momentos de improdutividade, argumenta Alain de Botton. Ou seja, os seres humanos mais produtivos são aqueles que também sabem o que fazer no ócio. O trabalho identifica. “Somos o que fazemos.” É por isso que é tão difícil estar no desemprego. É uma questão de dinheiro e de sobrevivência, como é evidente. Mas é mais do que isso. É também a identidade de cada um que se joga. Fora do mercado de trabalho é como se não se existisse.

Hoje vivem-se tempos paradoxais. Nas últimas décadas parecia que caminhávamos para uma época do lazer. O ser humano da produção parecia cada vez mais em sintonia com o do jogo, do sentido lúdico e dos tempos livres.

O aceleramento do progresso tecnológico, o imaginário dos computadores e dos robôs, parecia prometer uma maior libertação do homem em relação ao trabalho, mas nem sempre as tecnologias disruptivas conseguem garantir, em simultâneo, progresso e equidade. Tanto podem contribuir para a redução de empregos generalizada, com todas as consequências que daí advêm, como propiciar a melhoria do bem-estar, uma distribuição de rendimentos mais justa e mais tempo para dedicar ao lazer.

A verdade é que a larga maioria sente que trabalha muito, não usufruindo de tanto tempo livre como desejaria. A sua vida é obrigada a girar em torno do emprego. E a crise económica que se perpetua veio agravar em muito este quadro.

À medida que os postos de trabalho reduzem, o mundo parece dividir-se acentuadamente entre os que trabalham de mais, e em condições precárias, e os que simplesmente não têm trabalho.

Se existisse lógica, a carga horária seria racionalizada, de forma a todos termos emprego. Reduzir-se-ia a porção de trabalho individual. Os que já o têm trabalhariam menos. E os que estão no desemprego poderiam aspirar a um posto de trabalho.

O canadiano Carl Honoré, grande defensor do movimento slow e autor de In Praise of Slowness, afirma que a recessão afectou de formas diversas os ambientes de trabalho. Por um lado, colocou ainda mais pressão sobre quem trabalha, sendo-lhe exigido maior produtividade e em menos tempo. Em simultâneo, aumentaram os mecanismos de controlo, sejam eles informais ou estruturalmente burocráticos.

Resultado? “Numa cultura que valoriza a velocidade e a competição, as pessoas sentem que uma forma de parecerem indispensáveis nos seus locais de trabalho é darem a impressão de que estão sempre a correr e em grande actividade”, escreveu há meses no Huffington Post. Ou seja, nos locais de trabalho há muitas pessoas que têm um comportamento performativo.

Por outro lado, diz Honoré, a recessão apenas veio recordar-nos de que o estilo de vida que adoptámos nas últimas décadas é insustentável.

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“As pessoas estão ávidas por alternativas. Há cada vez mais quem já tenha percebido que é necessário reinventar a forma como gerimos a economia e a sociedade desde a sua base”, diz. “E o desacelerar terá um papel importante nessa mudança.”

Na obra Non-Stop Inertia, o psiquiatra inglês Ivor Southwood reflecte sobre as contradições dos últimos anos nas sociedades ocidentais, argumentando que a cultura do trabalho temporário, a fragmentação, ou a velocidade dos meios de comunicação digitais nos fazem acreditar que estamos sempre em movimento. Mas é um movimento sem nexo, sem destino. É uma acção paralisante que, muitas vezes, apenas leva à fadiga crónica ou à depressão.

Os jovens não conseguem projectar o seu futuro. Sentem-se bloqueados por um eterno presente feito de precariedade. Os pais receiam perder a reforma ou a assistência social. O resultado é uma existência guiada pela imobilidade. Aquilo que ele chama “uma hipertrofia do presente”, em que a experiência múltipla e humana do tempo foi substituída pelo tempo exclusivo do capital.

A modernidade instaurou o tempo único da produção, da tecnologia e da rapidez. Um regime temporal ocidentalizado hegemónico, eliminando os diversos tempos locais e individuais. Um processo de aceleração que não se detém, que se intensifica.

Como diria o conhecido pensador francês Paul Virilio, já não vivemos na época da velocidade, mas do instantâneo. Um tempo único que elimina a espera, a transição, o intervalo, a reflexão. Num mundo assim talvez seja urgente formular novas noções de tempo. É isso que tem vindo a acontecer nos últimos anos.

Em 1986, nasceu em Itália o movimento slow food, que pretendia contrariar os valores associados ao fast food. O slow expandiu-se depois, em vários países ocidentais, a outras áreas de acção — saúde, educação, turismo, relacionamentos, lazer, urbanismo — tendo por base a ideia que é possível vivermos num ritmo mais lento, adequado ao bem-estar e ao desenvolvimento pessoal, comunitário e ambiental. Foi com esses pressupostos que nasceu também, em 2009, a associação Movimento Slow em Portugal, dirigida hoje pela antropóloga social Raquel Tavares.

O livro de Carl Honoré constituiu o ponto de partida para que uma série de pessoas, ligadas ao associativismo e ao desenvolvimento local, materializasse esse interesse numa associação e numa ONG, diz-nos Raquel Tavares. “Mais do que um submovimento, como existe noutras partes do globo, direccionado para áreas distintas, interessa-nos algo mais transversal ligado ao conceito de tempo. Para nós, é uma forma de estar que é empregue em diferentes dimensões da existência.”

Na sua opinião, as mudanças individuais são indissociáveis das colectivas, mas não tem dúvidas de que é difícil lutar sozinho contra uma corrente predominante. “O que não significa que não se consigam dar pequenos passos, lentamente, na direcção certa. O primeiro, é a pessoa estar consciente da necessidade de operar algumas mudanças. Mas, como é evidente, demora tempo.” Cortes abruptos também acontecem. “Quem tem um estilo de vida extenuante, do padrão executivo, que normalmente ganha bastante bem, e que decide cortar indo viver para o campo, por exemplo. São atitudes radicais, mas que não são para todos. Não existem receitas. O ideal é cada um encontrar o seu equilíbrio. Slow não é parar ou estagnar. É procurar equilíbrio.”

Foi isso que levou o casal Júlio Arcozelo e Sandra Teófilo, que durante anos trabalharam em publicidade e televisão em Lisboa, a mudar-se para a pequena ilha das Flores, nos Açores, onde hoje se dedicam ao turismo rural, depois de terem reaproveitado um imóvel da família dele. “Às tantas sentimos uma urgência muito grande em mudar de estilo de vida”, conta-nos Júlio. “Estávamos saturados da forma como vivíamos a nossa actividade, sempre em pressão, e viemos para aqui há dois anos. Claro que perdemos coisas — essa vivência urbana —, mas a irritação constante foi-se. Hoje dividimos de forma muito mais efectiva o que é trabalho e o que é esfera privada, apesar de operarmos de forma caseira, do que no passado, em Lisboa.”

A recessão também ajudou à decisão. “Podíamos trabalhar ainda mais, acumular ainda mais e de forma ainda mais vertiginosa, como aconteceu com os nossos amigos, ou resistir a essa ideia. Foi o que fizemos.”

O que também mudou neles foi o seu sentido de comunidade. “O respeito pelo território, os negócios onde as populações se sentem integradas, enfim, o zelar pelos recursos existentes faz parte daquilo que somos agora. E gostamos de envolver mais pessoas nestas questões, porque só assim se pode mudar alguma coisa. Em grupo é mais fácil.”

As mudanças civilizacionais são lentas. Com avanços e recuos. Mas acontecem. A progressiva consciência ambiental é um exemplo, diz-nos Júlio. “A verdade é que a nossa relação com a ecologia mudou. E na relação trabalho/lazer poderá vir a acontecer o mesmo.”

“A nossa matriz de estilo de vida parecia ir na direcção de utilizarmos o tempo que nos sobrava”, reflecte por sua vez Raquel Tavares, “porque havia essa ideia de que com as máquinas poderíamos fazer mais rápido. Mas não interessa ter mais tempo se o ocupamos para fazer mais e mais, pensando apenas na quantidade. Esta época é marcada por um querer insaciável. Queremos mais sucesso. Queremos consumir a última novidade. Enfim, vamos estar sempre nessa corrida que não tem fim se não conseguirmos conectar-nos com outras coisas.”

Enquanto as grandes transformações não acontecem — seja através de políticas que permitam uma redistribuição mais justa dos rendimentos e recursos, ou da redução das horas de trabalho, seja pela adopção de novos comportamentos — é pelo menos possível ir ensaiando pequenas mudanças. Como dormir a sesta.

É isso que advoga a Associação Portuguesa dos Amigos da Sesta, surgida em 2003, hoje com quase três centenas de sócios e com quatro conferências nacionais realizadas. O presidente é o advogado Prates Miguel, que, inicialmente, criou a associação em tom de desafio — “faço a sesta desde criança, porque sou do Alto Alentejo, e em determinada fase era alvo de chacota de colegas e juízes quando lhes dizia que julgamentos para as 14h eram contraproducentes”. Hoje continua um defensor do ritual, bem como do movimento slow. “É necessário entender este assunto em moldes biológicos a partir da necessidade de repouso, intercalado entre as duas jornadas de trabalho”, diz.

Muitas das figuras mais vigorosas da história — Napoleão Bonaparte, John F. Kennedy, Thomas Edison ou Winston Churchill — não prescindiam de uma boa soneca. “Não pensem que trabalho menos por dormir durante o dia”, terá dito uma vez Churchill à imprensa, meio a brincar, meio a sério. “Isso é uma noção sem sentido da parte de quem não tem imaginação. Pelo contrário, é possível ser bem mais produtivo assim. Até porque é como se tivéssemos dois dias num só — ou pelo menos, um dia e meio. Depois da sesta sinto-me pronto para tudo. É revigorante.”

Nos últimos anos, afirma Prates Miguel, inúmeros estudos de carácter científico e obras publicadas têm levado as pessoas a olhar para a sesta de forma diferente. “Há um autor francês que diz que a sesta é tão necessária como o ar que respiramos. Faz parte do ritmo biológico. Recentemente, o alcaide de uma autarquia do Sul de Espanha decretou a prática opcional da sesta e eu compreendo isso.”

São incontáveis os estudos legitimados com o carimbo de “ciência” que concluem que trabalhar menos, ou a sesta, contribuem para melhorar a qualidade de vida. Ainda há pouco tempo, a NASA divulgou uma pesquisa em que se concluía que as sestas aumentavam o desempenho e a focagem. Da mesma forma existem hoje inúmeras empresas de prestígio que advogam práticas dos seus funcionários que contemplem o abrandamento.

Em parte, tornou-se até um fenómeno de moda, em países como o Japão ou os Estados Unidos, as empresas proporcionarem sessões de ioga, de meditação ou de massagens aos seus funcionários em tempo laboral, incentivando-os a almoçarem longe da secretária ou a tirarem férias repartidas ao longo do ano.

Na base destas decisões está a ideia de que somos mais criativos quando calmos, sem ansiedade e imunes a distracções. Abrandar no momento certo pode ajudar-nos a trabalhar e a viver melhor. “As melhores ideias não acontecem quando estou a enviar emails ou no escritório em reuniões, mas quando passeio o cão ou depois de nadar na piscina”, diz-nos Maria Andrade.

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Numa apetência por novos paradigmas há até quem advogue um indicador alternativo ao PIB (Produto Interno Bruto), que associamos ao desenvolvimento económico. A tese é que o PIB avalia a quantidade, mas não a qualidade, sustentabilidade, bem-estar, educação, saúde, boa governança, vitalidade comunitária, protecção e conservação ambiental, acesso à cultura ou a gestão equilibrada do tempo. Claro que não basta mudar os indicadores da realidade para que a realidade mude, mas pode muito bem ser um princípio.

A verdade é que o lazer, na actualidade, adquire um significado para além do lúdico, da mera evasão ou da compensação face ao tempo de trabalho. A energia dos cidadãos, das comunidades ou dos países, não pode ser empregue apenas no crescimento económico, mas na capacidade em distribuir equitativamente a riqueza, o saber, o trabalho, o lazer e o tempo.  Talvez esteja na hora de conceber outras formas de viver o tempo que temos para viver.

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