Desenvolvido fármaco que mata o parasita da malária no laboratório

O composto poderá custar menos de um euro. Ensaios em humanos serão feitos para o ano.

Foto
O vector do parasita da malária é um mosquito Dulce Fernandes (arquivo)

O novo composto ainda está muito longe de chegar ao mercado, mas as experiências laboratoriais em sangue humano e em ratinhos sugerem que a substância química é muito potente, segundo um artigo publicado online, na revista Nature, nesta quarta-feira.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O novo composto ainda está muito longe de chegar ao mercado, mas as experiências laboratoriais em sangue humano e em ratinhos sugerem que a substância química é muito potente, segundo um artigo publicado online, na revista Nature, nesta quarta-feira.

A empresa farmacêutica alemã Merck KgAA vai desenvolver e comercializar o composto, responsabilizando-se pelas próximas experiências, que passarão por ensaios clínicos em pessoas.

O plano é avançar com estes testes no próximo ano para avaliar a segurança do fármaco e verificar se é capaz de matar o parasita da malária no corpo humano. Muitos compostos químicos acabam por falhar quando chegam a esta fase. 

É cada vez mais importante encontrar alternativas para tratar a malária, já que há um aumento da resistência por parte do parasita até aos melhores tratamentos. Na Birmânia, no Sudeste asiático, há uma estirpe que já é resistente à artemisina e está a chegar à fronteira da Índia.

Mas o novo composto funciona de uma forma diferente, atacando uma parte da maquinaria celular que produz as proteínas do parasita, o que significa que deverá ser eficaz mesmo para as estirpes mais resistentes.

O composto chama-se DDD107498, e foi desenvolvido pela Universidade de Dundee, no Reino Unido. Os investigadores estimam que a sua produção seja barata, o que o tornará acessível para as populações de países economicamente pobres, onde a malária ataca mais.

A malaria continua a matar mais de 500.000 pessoas por ano, a maioria crianças, nos países da África subsariana.

O parasita mais comum que ataca os humanos, o “Plasmodium falciparum”, é introduzido no corpo humano por picadas do mosquito infectado “Anopheles gambiae”. O parasita reproduz-se primeiro nas células do fígado e depois nas células do sangue. É aqui que surgem os sintomas da malária: febre, dor corporal, dores de cabeça.

A empresas farmacêuticas Novartis e a Sanofi estão actualmente a produzir fármacos contra a malária, e têm programas especiais para tornarem estes medicamentos mais acessíveis em termos monetários.