Diplomacia asiática começa a mexer-se devido aos refugiados à deriva no mar

Washington e a ONU já apelaram aos países do sudeste asiático para acolherem pessoas que estão em embarcações no Marde Andamão.

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Marinha tailandesa envia alimentos que os migrantes recolhem no mar AFP PHOTO/Christophe ARCHAMBAULT

Malásia, Indonésia e Tailândia respondem assim à pressão internacional, cada vez mais forte, que se faz sentir quer pela Organização das Nações Unidas (ONU), quer pelos Estados Unidos. Este país apelou a uma solução regional e a Tailândia – que tem vindo a endurecer a sua política face aos traficantes, recusando-se a receber os barcos na sua costa – tomou a iniciativa de marcar um encontro para o próximo dia 29 de Maio, em Banguecoque.

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Malásia, Indonésia e Tailândia respondem assim à pressão internacional, cada vez mais forte, que se faz sentir quer pela Organização das Nações Unidas (ONU), quer pelos Estados Unidos. Este país apelou a uma solução regional e a Tailândia – que tem vindo a endurecer a sua política face aos traficantes, recusando-se a receber os barcos na sua costa – tomou a iniciativa de marcar um encontro para o próximo dia 29 de Maio, em Banguecoque.

Os países que têm vindo a receber este êxodo, sem precedentes desde a guerra do Vietname, aceitaram encontrar-se. O ministro malaio Anifah Aman anunciou neste domingo que na segunda-feira vai receber o seu homólogo indonésio Retno Marsudi e, “muito provavelmente”, na terça-feira será a vez de se encontrar com o ministro tailandês Tanasak Patimapragorn.

Mais de 3000 migrantes foram socorridos ou chegaram às costas destes três países nos últimos dias; e milhares continuam perdidos no mar, em barcos à deriva, sem alimentos ou água potável.

A Malásia, a Tailândia e a Indonésia têm jogado um “ping pong” humano, empurrando os barcos para as fronteiras uns dos outros. Por exemplo, a marinha tailandesa tem apoiado muitas destas embarcações, distribuindo alimentos, água e arranjando mesmo os motores dos navios, mas direccionando-os para os países vizinhos.

As organizações não governamentais e os jornalistas que têm percorrido as águas da região têm testemunhado as condições em que os migrantes se encontram. A maioria pertence à minoria muçulmana Rohingyas da Birmânia, país onde vivem 1,3 milhões, mas onde são perseguidos e discriminados pela maioria budista. O Bangladesh recusa-se a recebê-los devido à miséria em que vive a sua população – afinal trata-se de um dos páises mais pobres do mundo e onde estão também a sair pessoas à procura de uma vida melhor.

A Birmânia já fez saber que se recusa a discutir o tema caso se fale desta minoria e ameaça boicotar o encontro promovido pela Tailândia.

“A crise dos Rohingyas foi criada pela Birmânia que deverá encontrar uma solução”, declarou Shahidul Haque, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros do Bangladesh, no sábado, citado pela AFP.