Parvalorem despede 49 trabalhadores

BE questionou o Ministério das Finanças sobre decisão da empresa pública criada para recuperar créditos do antigo BPN

Em respostas enviadas ao PÚBLICO, a comissão de trabalhadores (CT) diz que o motivo invocado pela administração, liderada por Francisco Nogueira Leite, é a “reestruturação da empresa”. Nesta sexta-feira, o Bloco de Esquerda também questionou o Ministério das Finanças sobre o despedimento e sobre o envolvimento da sociedade de advogados Morais Leitão.

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Em respostas enviadas ao PÚBLICO, a comissão de trabalhadores (CT) diz que o motivo invocado pela administração, liderada por Francisco Nogueira Leite, é a “reestruturação da empresa”. Nesta sexta-feira, o Bloco de Esquerda também questionou o Ministério das Finanças sobre o despedimento e sobre o envolvimento da sociedade de advogados Morais Leitão.

Na realidade, tudo isto está planeado desde a venda do BPN ao BIC, altura em que para facilitar o negócio, o Governo transferiu para a Parvalorem todos os trabalhadores dos serviços centrais. A própria Ministra das Finanças afirmou na altura que quem vinha para a Parvalorem era para despedir", diz a Comissão de Trabalhadores. Há dois anos que corre nos tribunais uma contestação dos funcionários contra esta transferência e o caso não tem ainda julgamento marcado. “Como temos denunciado desde essa data, a Parvalorem é apenas uma antecâmara do despedimento, como aliás reconheceram os dois provedores de justiça que analisaram a nossa queixa. Temos feito várias propostas alternativas ao despedimento, tendo inclusivamente enviado um portefólio de currículos a empresas do Estado e ao Governo, não obtivemos nenhuma resposta. Não encontramos interlocutores, nem há vontade política de resolver o problema do BPN definitivamente”, lamenta a comissão de trabalhadores.

O despedimento colectivo, anunciado esta tarde, afectou vários membros das estruturas que representam os colaboradores, “dois membros da CT, um delegado sindical e uma representante sindical”. “Incluiu no rol a despedir uma colega em licença de maternidade, uma grávida e uma colega que estava de baixa por gravidez de risco e que foi mãe esta semana”, lamentam os trabalhadores.

Mariana Mortágua, deputada do BE que reuniu esta manhã com a comissão de trabalhadores da Parvalorem, disse à Lusa que “todas as semanas há e-mails da administração” da empresa com “ameaças de despedimento”, num “ambiente de tortura psicológica”. Os representantes dos funcionários explicam que estas ameaças são constantes e criam um “grande desgaste nos trabalhadores” que vivem “na permanente incerteza desde 2008”.

Por seu lado, Mariana Mortágua pediu esclarecimentos sobre o envolvimento da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva e Associados, alegadamente representante da Parvalorem, do Estado e do BIC, que comprou o antigo banco português. A deputada bloquista afirmou que esta sociedade de advogados terá sido escolhida em detrimento da Cuatrecasas Gonçalves Pereira, que alegadamente tinha uma posição contrária ao processo de transferência de trabalhadores.

A Parvalorem foi criada em 2010 para gerir a carteira de créditos adquiridos no âmbito do processo de reprivatização do BPN.