Felipe González vai defender líderes da oposição venezuelana
O histórico líder socialista espanhol aceitou representar legalmente Leopoldo López e Antonio Ladezma, que estão presos por ordem do Governo de Nicolás Maduro.
Felipe González foi presidente do Governo espanhol desde 1982 e até 1996. Desde então que mantém uma forte relação com a Venezuela, tendo sido sobretudo associado com os executivos que antecederam a revolução bolivariana liderada por Hugo Chávez. González, que por várias vezes surgiu como uma possível figura mediadora entre os governos chavistas e as forças políticas de oposição, abordou o tema dos presos políticos na Venezuela numa entrevista concedida este mês ao diário El País. “O Presidente Maduro diz que não existem presos políticos, mas sim políticos presos; eu diria que existem políticos presos por serem políticos”, declarou Felipe González.
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Felipe González foi presidente do Governo espanhol desde 1982 e até 1996. Desde então que mantém uma forte relação com a Venezuela, tendo sido sobretudo associado com os executivos que antecederam a revolução bolivariana liderada por Hugo Chávez. González, que por várias vezes surgiu como uma possível figura mediadora entre os governos chavistas e as forças políticas de oposição, abordou o tema dos presos políticos na Venezuela numa entrevista concedida este mês ao diário El País. “O Presidente Maduro diz que não existem presos políticos, mas sim políticos presos; eu diria que existem políticos presos por serem políticos”, declarou Felipe González.
Leopoldo López, a principal figura por detrás dos protestos de 2014 contra o Governo de Nicolás Maduro, está preso há mais de um ano por alegadamente ter instigado à violência contra o executivo e por danos à propriedade pública. Já Antonio Ledezma, o presidente da Câmara de Caracas preso em Fevereiro, soube este sábado que é acusado por conspirar contra o Governo de Nicolás Maduro e de tentar pôr em curso um golpe de Estado apoiado pelos EUA. Ledezma foi detido depois de assinar uma carta aberta a Maduro que apelava a um processo de transição política para o país.
Ao início da tarde de segunda-feira, o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros confirmou e agradeceu a decisão de Felipe González. José Manuel García-Margallo disse que o ex-presidente do Governo lhe telefonara antes a anunciar a sua decisão. "Defender as liberdades, os direitos humanos e o Estado de Direito parece-me uma tarefa muito digna", afirmou o ministro do Partido Popular, citado pelo El País. Também o líder do PSOE, Pedro Sánchez, declarou o seu apoio e o do partido à decisão tomada por Felipe González.
Não se sabe ainda qual será o papel específico que Felipe González terá em ambos os processos. O julgamento de Leopoldo López, por exemplo, já está em andamento e, de acordo com uma entrevista dada pelo político ao El País, o processo está sob fortes medidas de vigilância governamental.
O diário espanhol avança que a decisão de Felipe González foi tomada como resposta aos constrangimentos legais pelas quais passam Leopoldo López e Antonio Ledezma, e diz ainda que, com isto, o ex-presidente do Governo espanhol pretende também quebrar a inacção da maioria dos governos da América Latina frente à realidade venezuelana.
Na liderança de um país que atravessa uma grave crise económica – devido, sobretudo, à queda nos preços do petróleo –, o Governo de Nicolás Maduro tem vindo a aumentar a repressão política na Venezuela. O primeiro grande sinal de descontentamento popular foi dado entre Fevereiro e Maio de 2014, período durante o qual se registaram protestos violentos contra o executivo que acabaram por vitimar 43 pessoas.
O primeiro passo para responder a esta contestação foi a prisão de Leopoldo López. Mais tarde, já em Dezembro, o Governo chavista deteve Maria Corina Machado, também ela uma dos líderes dos protestos do início do ano, e acusou-a de fazer parte de uma conspiração para assassinar Nicolás Maduro. O último preso político foi Ledezma, detido por forças dos serviços secretos venezuelanos.
As autoridades venezuelanas têm-se recusado a dar ouvidos aos apelos internacionais. O mais recente pedido para a libertação de presos políticos partiu do Parlamento Europeu, que, a 12 de Março, pediu a “libertação imediata de todos os manifestantes pacíficos, estudantes e líderes de oposição detidos pelo exercício do direito à liberdade de expressão”.