Terrorista da Resistência Galega detido pelo SEF no Aeroporto do Porto

Espanhol tinha passaporte venezuelano falsificado e estava em fuga após ser condenado a 11 anos de prisão por atentado em Vigo. Detenção ocorreu um mês após o ministro do Interior espanhol avisar Governo português que o grupo terrorista queria instalar uma base no Norte de Portugal.

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A greve abrande todos os funcionários de investigação e fiscalização do SEF Miguel Manso

Héctor José Naya Gil, conhecido pela alcunha de “Koala”, era procurado pelas autoridades espanholas, existindo um mandado de detenção europeu em seu nome, mas foi o facto de ter tentado viajar com um passaporte venezuelano falsificado que levantou as primeiras suspeitas, adiantou ao PÚBLICO fonte do SEF.

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Héctor José Naya Gil, conhecido pela alcunha de “Koala”, era procurado pelas autoridades espanholas, existindo um mandado de detenção europeu em seu nome, mas foi o facto de ter tentado viajar com um passaporte venezuelano falsificado que levantou as primeiras suspeitas, adiantou ao PÚBLICO fonte do SEF.

Juntamente com “Koala”, viajava um outro espanhol que foi inicialmente detido, mas foi depois libertado, após não se confirmarem as primeiras suspeitas de que pertenceria à mesma organização terrorista.

Os dois homens iam entrar num voo cujo destino final era Caracas, a capital da Venezuela. O homem será inquirido na manhã desta quinta-feira, no Tribunal da Maia, a propósito do crime de falsificação do passaporte, uma vez que é um crime cometido em Portugal. Depois deverá ser também ouvido no Tribunal da Relação do Porto, no âmbito do mandado de detenção europeu para que seja decidida a sua extradição para Espanha.

A Resistência Galega é um grupo armado criado em 2005 e que já realizou 34 acções incendiárias ou explosivas numa luta pela independência daquele território. Héctor Gil, de 33 anos, foi condenado em Dezembro a 11 anos pelos crimes de participação em organização terrorista e por colocação de artefactos explosivos.

Em Agosto de 2012, juntamente com outros dois homens, condenados a três anos de prisão, colocou três engenhos explosivos nas instalações de uma estação de rádio e televisão, no Monte Sampaio, em Vigo. Um deles explodiu, causando largos estragos. O espanhol recorreu da sentença e continuou em liberdade, mas desapareceu quando a condenação foi confirmada.

Os inspectores do SEF continuaram durante esta quarta-feira a realizar diligências no aeroporto portuense, na Maia, no sentido de conseguirem mais informações sobre estes suspeitos. O SEF esteve também em contacto com as autoridades espanholas, para serem definidos os procedimentos a seguir, nomeadamente quanto à eventual extradição dos dois detidos.

Em Abril de 2014, o Supremo Tribunal espanhol determinou que a Resistência Galega é uma organização terrorista, ainda que em fase "incipiente", no âmbito de um outro processo em que foram condenados quatro elementos por delitos de integração em organização terrorista, posse de explosivos e falsificação.

Nessa altura, fontes da luta antiterrorista espanhola deram conta de que a Resistência Galega terá activos 15 membros operacionais em vários pontos da Galiza e os seus dois líderes instalados em Portugal, onde terão fabricado muitos dos engenhos explosivos usados nas últimas acções do grupo.

Estas detenções ocorrem cerca de um mês depois de o ministro do Interior Espanhol, Jorge Fernández Diaz, numa reunião em Lisboa com a ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, ter alertado que a Resistência Galega pretende instalar uma base logística no Norte do país, considerando "imprescindível" a colaboração com Portugal.

Nesse encontro foram analisados a prevenção e o combate ao terrorismo, a imigração ilegal, a criminalidade organizada e o tráfico de seres humanos. Jorge Fernández Diaz adiantou que o grupo terrorista Resistência Galega, "uma organização muito pequena" e "não comparável à ETA", pretende "ter no Norte de Portugal algum tipo de base logística".

Para controlar esta organização terrorista, que tem como objectivo conseguir uma Galiza independente, Espanha conta com a "imprescindível colaboração" portuguesa, sublinhou o ministro.

Logo então, o ministro espanhol destacou a troca de informação existente entre os serviços de informação e secretos dos dois países, sublinhando que tal só existe porque há "confiança mútua".