Nelson Évora arrecadou em Praga a medalha de ouro que lhe faltava

Triplista português sagrou-se campeão europeu de pista coberta com a melhor marca europeia do ano.

Foto
David W Cerny/Reuters

Após um longo e aparentemente interminável calvário de lesões, operações e períodos de recuperação, Nelson Évora emergiu de novo à tona de água, vivo e de boa saúde, para se sagrar campeão europeu de pista coberta no triplo salto, no Campeonato da Europa de pista coberta, que no domingo termina em Praga, na República Checa. O campeão mundial de 2007 e olímpico do ano seguinte cumpriu a promessa deixada nos recentes campeonatos nacionais de clubes, em Pombal, quando regressou à casa dos 17m na sua disciplina, ao atingir 17,19m e passar a ser o melhor europeu do ano.

A qualificação do dia anterior mostrara um Nelson Évora sombrio, mas neste sábado, perante uma Arena 02 repleta, já esteve mais solto e os resultados apareceram. Esta medalha de ouro, para além de ser a 20.ª de Portugal no Europeu de pista coberta, colmata uma lacuna na carreira do atleta do Benfica, aos quase 31 anos de idade, já que não havia conseguido ainda um título em campeonatos europeus, fossem eles ar livre ou indoor. E, mais do que isso, confirma o relançamento da sua carreira para um ciclo que culminará com os Jogos Olímpicos de 2016.

A final começou mal para Évora, com dois nulos, enquanto o novo recordista espanhol, Pablo Torrijos, fazia 16,93m ao segundo salto e um velho conhecido do português, o romeno Marian Oprea, chegava a 16,91m, também ao segundo ensaio. Porém, Nelson Évora, mesmo sem um salto perfeito, repôs as coisas nos trilhos com 16,98m no terceiro salto, passando para a frente. Torrijos não se rendeu logo e, no quinto salto, bateu por um centímetro o seu próprio recorde de Espanha, retomando a liderança. O português respondeu de imediato com um salto decisivo, a 17,15m, e logo se viu que para qualquer outro uma resposta já não seria suficiente.

À vontade, já com o título no bolso, Nelson Évora arriscou um pouco mais na sua última possibilidade e aterrou a 17,21m, de novo melhor marca portuguesa e europeia do ano, a dois centímetros da melhor mundial. Perfeito, embora as distâncias obtidas por todos ficassem longe das de outros tempos.

“Este é um momento espectacular, depois de tantos anos de lesões e um exemplo para todos os que não acreditavam que era possível. Não podia ter feito melhor, estou fisicamente bem e não tenho dores”, assinalou o português, apontando agora ao futuro: "Vamos passo a passo, preparar o que está mais perto. Agora os meetings, depois o Campeonato do Mundo e só depois os Jogos [Olímpicos]".

Também neste sábadop se disputou a qualificação do triplo salto feminino, que proporcionou a possibilidade de uma novo assalto às medalhas na final de hoje, por parte de Patrícia Mamona. Abrindo com um salto seguro a 14,05m, a sportinguista faria 14,26m no derradeiro ensaio, o terceiro, para ficar com o segundo lugar do concurso, logo atrás da israelita Hanna Knyazeva, que bateu o recorde nacional, com 14,40m. Susana Costa, por seu lado, terminou com o seu melhor registo do ano, por cinco centímetros e a 13,78m, mas não conseguiu ser repescada, terminando em 14.º.

Quem passou às meias-finais dos 60m, a prova mais curta do campeonato, foi Yazaldes Nascimento. Correu uma primeira eliminatória muito cerrada e, num final apertadíssimo, alcançou o quarto posto, o último de apuramento directo, com 6,69s, um novo recorde pessoal.

A jornada proporcionou também o quarto título seguido ao francês Renaud Lavillenie no salto com vara. Desta vez, o heróico gaulês nem sequer tremeu um pouco, como na qualificação, e, ao segundo salto, a 5,90m, já tinha a prova ganha, mesmo perante forte oposição do russo Aleksandr Gripich (segundo) e do polaco Piotr Lisek — passaram ambos os 5,85m. Com o triunfo seguro, passou com clareza os 6,04m, recorde da competição e melhor marca do ano, antes de tentar o recorde mundial a 6,17m, com um segundo ensaio a causar algum frisson.

Sugerir correcção
Ler 6 comentários